O ministro de Defesa, Nelson Jobim, disse nesta sexta-feira que o Brasil está enviado armas não letais --como armas com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral e cassetetes-- ao Haiti para trabalhar na segurança do país, que teve a capital Porto Príncipe virtualmente devastada por um forte terremoto, na terça-feira (12).
O brasileiro, que voltou de Porto Príncipe na madrugada de hoje, afirmou estimar que, nos próximos dias, "tendo em vista a falta de água, de combustível e de alimentos", as pessoas "começarão a ficar revoltadas, embora o povo haitiano seja um povo curtido pela desgraça". Em entrevista aos meios de comunicação, o ministro afirmou que a maior parte dos corpos que estavam pelas ruas já foram recolhidos.
"Agora, faltam aqueles que estão debaixo dos escombros, e os que estão sendo removidos são praticamente irreconhecíveis", disse. Ontem (14), o presidente do Haiti, René Préval, confirmou o sepultamento de 7.000 corpos em uma vala comum. Para a Cruz Vermelha no Haiti, o total de mortos ficará entre 45 mil e 50 mil. Outros estimam que chegará a 100 mil. O ministro brasileiro confirmou a preocupação do Brasil para com o risco de que a presença de corpos nas ruas gerem epidemias e de que os militares construirão, em coordenação com o governo haitiano, cemitérios em conformidade com a cultura vodu, que é popular no país.
A cultura local determina que os corpos sejam tocados apenas por haitianos e que os enterros sejam realizados apenas após a conclusão de alguns rituais. "Mas é necessário que outros países deem suporte aos sepultamentos, porque os cemitérios não suportam mais os corpos", disse. O brasileiro voltou a falar das péssimas condições do sistema de saúde haitiano, já que os "hospitais ruíram".
"Quem está atendendo [os feridos] é o hospital argentino da Minustah [a missão de paz da ONU no país]." Conforme o ministro, as tropas brasileiras atendem alguns civis também em uma garagem. "Já fizeram partos no local, amputações." Nos próximos dias, os brasileiros irão concluir a montagem de um hospital de campanha enviado em aviões da FAB e um segundo, da Marinha, será enviado de navio.