Ao menos 26.126 pessoas foram assassinadas no primeiro semestre deste ano no Brasil. É o que mostra o índice nacional de homicídios criado pelo G1, uma ferramenta que permite o acompanhamento dos dados de vítimas de crimes violentos mês a mês no país. O número de vítimas é ainda maior que esse – isso porque a estatística não comporta os dados totais de três estados (Maranhão, Paraná e Tocantins), que não divulgaram todos os números.
O número consolidado até agora contabiliza todos os homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, que, juntos, compõem os chamados crimes violentos letais e intencionais. Houve uma média de 4.350 casos por mês. No Piauí, os dados do mês de junho apontam que o total de crimes violentos foram 61 casos.
O mapa faz parte do Monitor da Violência, em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O levantamento revela que:
Ao menos 26,1 mil pessoas foram assassinadas no Brasil no 1º semestre;
A taxa de mortes violentas a cada 100 mil habitantes foi de 12,5 no país;
Roraima foi o estado com a maior taxa: 27,7. Ele é seguido por Rio Grande do Norte (27,1), Ceará (26) e Acre (26);
São Paulo tem a taxa mais baixa, de 3,8 a cada 100 mil;
Maranhão, Paraná e Tocantins são os únicos estados que não informam os dados completos dos seis meses.
Bruno Paes Manso, pesquisador do NEV-USP, destaca a situação de Roraima, afirmando que, caso o ritmo de mortes se mantenha, o estado pode dobrar o total de mortes em relação ao ano anterior. Ele lembra a crise humanitária vivida na Venezuela, que criou uma instabilidade política na região, o que fragiliza as instituições políticas locais.
"Nesses cenários, se multiplica a oportunidade de ação para indivíduos e grupos que tentam se impor pela violência. O crescimento das taxas de homicídio é o principal sintoma da fragilização da legitimidade das instituições democráticas na região", diz Bruno Paes Manso, do NEV-USP.
No geral, a situação é mais grave nos estados das regiões Norte e Nordeste do país, que ocupam as dez primeiras posições do ranking nacional de homicídios.
Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ressalta que a violência gera efeitos em diversas áreas do país, como saúde, economia e educação. Diante dos impactos, ela destaca o fato de o governo federal ainda não ter um sistema nacional de monitoramento de criminalidade para subsidiar ações e prestar contas à sociedade.
"Saber onde acontecem os principais crimes, como eles ocorrem e quais suas principais vítimas são o primeiro passo para qualquer ação que tenha por objetivo interromper a violência", diz Samira Bueno, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Transparência pública
Três estados ainda não têm todos os dados referentes a junho. Dois deles também não informam os números de abril e maio. Veja a justificativa de cada um deles:
Maranhão: Segundo a Secretaria de Segurança Pública, os números de junho de todo o estado ainda não foram consolidados pelo governo.
Paraná: A Secretaria da Segurança Pública diz que o setor de estatística tem quatro ciclos de qualidade da informação e foram identificados problemas com números de alguns municípios. Por isso, não há dados fechados de abril, maio e junho.
Tocantins: A Secretaria de Segurança Pública não informa os dados separados desde fevereiro. A SSP diz que o setor de estatística não consegue disponibilizar os números mês a mês devido à dificuldade de algumas delegacias em enviar os dados de cada período. Os dados dos últimos dois meses ainda não foram consolidados. Só há o dado de janeiro disponível no mapa.
Como os números ainda serão revisados pelos governos até o fim do ano, não é possível fazer uma comparação precisa com dados de 2017. Em todo o ano passado, por exemplo, foram 59.103 homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, segundo levantamento feito pelo G1.