Brasil tem mais de mil cidades em situação de seca extrema ou severa

Segundo especialistas, Brasil não conseguiu se recuperar da seca de 2023 e estiagem está mais intensa e extensa pelo país.

Brasil tem mais de mil cidades em situação de seca extrema ou severa | Fernando Frazão/Agência Brasil
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Mais de mil cidades no Brasil estão enfrentando uma seca severa ou extrema. A ausência de chuva tem espalhado incêndios pelo país, resultando no maior número de focos de fogo dos últimos dez anos. No Amazonas, que tentava se recuperar de uma seca histórica, comunidades já estão isoladas, e a orientação é estocar alimentos. A aridez do ar é tão intensa que mais da metade das cidades brasileiras estão em estado de alerta. 

Em 2023, o Brasil registrou recordes de calor e chuvas abaixo da média, devido ao El Niño e ao aquecimento dos oceanos. Apesar do fim do fenômeno, seus efeitos persistem: os primeiros seis meses do ano mantiveram temperaturas recordes e chuvas escassas, exceto no Sul. 

CASTIGANDO A REGIÃO NORTE

Tudo está interligado. A seca que castigou a região Norte no ano passado gerou um efeito cascata: a umidade que deveria estar no Norte e ser transportada para o resto do país simplesmente não existe mais. 

De acordo com dados do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), órgão do governo federal que monitora a estiagem no país, 1.024 cidades estão classificadas como em seca extrema ou severa, a mais alta na escala. 

O número de cidades em seca extrema ou severa é quase 23 vezes maior que no ano passado, passando de 45 para 1.024. O monitoramento classifica as cidades em quatro categorias de seca: extrema, severa, moderada e fraca. Ao todo, mais de três mil cidades estão em alguma dessas classificações. 

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

ESTADOS MAIS AFETADOS

Os estados mais afetados são Amazonas, Acre, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, São Paulo e Tocantins, onde todas as cidades estão sob alguma classificação de seca. A estiagem prejudica o abastecimento, isola regiões que dependem de transporte fluvial, causa prejuízos na agricultura e pecuária, e torna o ar difícil de respirar. 

SUDESTE

No Sudeste, São Paulo e Espírito Santo são os mais críticos, com todas as cidades sob alguma classificação de seca. Em junho, São Paulo teve o maior número de focos de incêndio dos últimos dez anos, resultando em vegetação seca e baixa umidade do ar, prejudicando a saúde. No Espírito Santo, a seca baixou o nível dos reservatórios, afetando o abastecimento e a produção agrícola, com prejuízos milionários nas safras de café, leite e derivados. No Rio de Janeiro e Minas Gerais, mais de 90% das cidades enfrentam seca, com 20% dos municípios mineiros em situação de emergência devido a problemas de abastecimento. 

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

CENTRO-OESTE

No Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a seca provocou incêndios. O Pantanal, maior planície alagável do mundo, sofre com o rio Paraguai no nível mais baixo em quase 60 anos. No Mato Grosso do Sul, o rio Perdido, com quase 300 km de extensão, se transformou em um caminho de areia em vários trechos, afetando o abastecimento de centenas de famílias e a produção agrícola, que agora dependem de caminhões-pipa. 

Os governos do Acre e de Rondônia decretaram situação de emergência devido ao baixo nível dos rios. Meses sem chuva e altas temperaturas agravaram a crise hídrica, intensificando a evapotranspiração, que transforma água em vapor e a leva para a atmosfera.

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