Quem nunca sentiu medo quando viu um policial? Nem é preciso ter feito algo errado, mas a imagem do órgão de repressão do Estado costuma causar certa desconfiança. Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, é assim pelo menos para 63% dos brasileiros, que se sentem insatisfeitos com a atuação da polícia. Separando os dados por classe social, percebe-se que o índice de desconfiança sobe entre os mais pobres, alcançando o percentual de 65%, enquanto 62% dos mais ricos têm o mesmo pensamento.
A insatisfação do advogado Jorge Paulino em relação à atuação da polícia está motivada no que ele chama de imparcialidade do órgão repressor.
?Quando eu morava na zona Leste, andava pelas ruas altas horas da noite, via policiais, mas eles nunca me abordaram. Depois que vim para o Pirajá, percebo que há uma criminalização dos moradores de bairros mais pobres. Uma vez fui abordado em um bacolejo perto de casa, de modo altamente ofensivo. Apontaram até arma na cabeça do motoqueiro que me levava?, conta Jorge.
Para ele, a polícia ideal não representaria a imagem da repressão, mas seria um órgão para atuar em conjunto com a sociedade civil. ?Era bom se a polícia servisse para ajudar cada comunidade a resolver, de modo não violento, a questão da criminalidade em seus bairros. Afinal, mesmo os considerados piores bandidos são, no fim das contas, filhas e filhos dos bairros onde moram, com histórias de vida, subjetividades que precisam não ser massacradas, mas, em vez disso, serem solucionadas de modo humano?, defende Jorge Paulino.
A pesquisa da FGV revela, ainda, o Índice de Confiança na Justiça. E ele também não alcança números muito altos.
Numa escala de 1 a 10, a confiança do judiciário conseguiu 5,5 pontos no segundo e no terceiro trimestres deste ano. O indicador leva em consideração a opinião dos entrevistados em relação à celeridade, honestidade, neutralidade e custos de acesso à Justiça.
Na opinião do assistente administrativo André Oliveira, em alguns casos a justiça apenas corrobora no reforço das injustiças. ?A burocracia, a corrupção e o suborno são alguns exemplos disso?, afirma André.
No ranking das instituições mais confiáveis, as Forças Armadas lideram com 75% das opiniões, seguida pela Igreja Católica e pelo Ministério Público. Quanto à confiança em relação a determinados grupos do convívio social, a família ficou em primeiro lugar, obtendo a confiança de 89%, seguida por colegas de trabalho. LEIA MAIS EM B/8, no Jornal Meio Norte deste domingo(16).