Bombeiros, técnicos da Defesa Civil, militares e voluntários entram neste domingo (16) no 5º dia de buscas por moradores que ainda estão em regiões isoladas e por corpos, vítimas da chuva forte que arrasou a Região Serrana do Rio.
Durante toda a madrugada as equipes de resgate trabalharam nas cidades de Nova Friburgo e Teresópolis. Os trabalhos foram suspensos em Petrópolis, onde o trabalho roi retomado esta manhã.
Uma equipe equipe da Aeronáutica seguiu de helicóptero para a localidade de Brejal, onde cerca de 80 pessoas estão ilhadas. Outra equipe aguarda a chuva que voltou a cair em Petrópolis diminuir para seguir em outra aeronave para a região trabalhar na busca por pelo menos três corpos, que foram confirmados, estão soterrados na localidade.
Nesta segunda-feira (17), segundo o coordenador de Ações Emergenciais de Petrópolis, Luiz Eduardo Peixoto, começa a funcionar o hospital de campanha montado no Centro de Exposições de Itaipava. Peixoto apela para que os seis mil moradores e mais de mil voluntários que tiveram contato com água ou lama procurem a hospital para se vacinar contra doenças, como tétano e leptospirose. Os sintomas dessas doenças podem levar até um mês para aparecer.
Em Nova Friburgo, a chuva forte voltou a castigar a cidade na tarde de sábado (15).
Mais de 600 mortos
Em toda a região, desde a chuva forte que começou a cair na terça-feira (11), mais de 600 corpos já foram encontrados. Na manhã de domingo (16), mais dois corpos foram resgatados em Nova Friburgo, elevando número de mortos na enchente para 273. Em Teresópolis já foram encontrados 261 corpos, 53 em Petrópolis,19 em Sumidouro e 2 em São José do Vale do Rio Preto.
Em Teresópolis, a prefeitura informou que a Central de Cadastro de Desaparecidos recebeu a reclamação de que 88 pessoas estariam desaparecidas. Em Petrópolis, há 36 desaparecidos, segundo a prefeitura. Em Sumidouro, há outros cinco. Já em Nova Frigurbo, a prefeitura informou que não há levantamento sobre desaparecidos.
Já a Secretaria estadual de Saúde e Defesa Civil informou que o número de mortos é 611, sendo 274 em Nova Friburgo, 263 em Teresópolis, 55 em Petrópolis e 19 em Sumidouro.
Segundo a Polícia Civil, 590 corpos já foram identificados pelos peritos do IML (Instituto Médico Legal), sendo 259 em Teresópolis, 267 em Nova Friburgo, 41 em Petrópolis, 19 em Sumidouro e 4 em São José do Vale do Rio Preto.
Exército vai montar pontes móveis
Outros dois municípios também tiveram áreas devastadas: Bom Jardim e Areal. Nos sete municípios atingidos, o número de desabrigados e desalojados chega a 15 mil. O Exército anunciou que neste domingo vai começar a montar pontes móveis para facilitar o acesso a algumas cidades.
Em Teresópolis, também voltou a chover no sábado (14). Aos poucos, os problemas de comunicação na cidade começam a se resolver, mas 60% da população continua sem abastecimento de água. A cidade recebe reforço de mais 130 homens da Força Nacional e os desabrigados ganharam quatro telefones gratuitos para falarem com famílias.
Cabral decreta luto no RJ
O governador Sérgio Cabral decretou luto oficial no estado do Rio de Janeiro por sete dias, pelas vítimas das chuvas. O decreto, assinado na sexta-feira (14), entra em vigor na próxima segunda (17), quando será publicado no diário oficial.
A presidente da República, Dilma Rousseff, decretou luto oficial de três dias. A homenagem teve início na sexta-feira (14) e se encerra no domingo (16).
Maior tragédia da história
Esta já é a maior tragédia climática da história país. O número de vítimas ultrapassou o registrado em 1967, na cidade de Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo. Naquela tragédia, tida até então como a maior do Brasil, 436 pessoas morreram.
No ano passado, de janeiro a abril, o estado do Rio teve 283 mortes, sendo 53 em Angra dos Reis e Ilha Grande, na virada do ano, 166 em Niterói, onde se localizava o Morro do Bumba, e 64 no Rio e outras cidades atingidas por temporais em abril.