A Câmara dos Deputados dá início nesta sexta-feira (1º) a um novo mandato de quatro anos com o maior percentual de novatos e de mulheres em mais de 30 anos. O número de partidos também é recorde: 30.
Dos 513 deputados que tomam posse, 244 são estreantes na Câmara, o equivalente a 47,6%. O percentual é ligeiramente inferior ao registrado na eleição da Assembleia Constituinte, em 1986, de acordo com cálculos divulgados pela Agência Câmara. Naquela ocasião, 48,3% dos parlamentares estavam no primeiro mandato.
Depois disso, houve um percentual de 45,7% em 1990 e índices abaixo dos 40% até 2014.
O levantamento já leva em conta os deputados que tomarão posse no lugar de Jean Wyllys (PSOL-RJ), que renunciou ao mandato, e de Wagner Montes (PRB-RJ), que morreu no último sábado (26). São eles: David Miranda (PSOL-RJ) e Jorge Braz de Oliveira (PRB-RJ).
Apesar da renovação, nem todos os parlamentares estreantes na Câmara são novatos na política. Mais da metade (52,7%) já se elegeu para outros cargos: prefeitos, vereadores, deputados estaduais, senadores e governadores, por exemplo. Esse grupo soma 128 deputados.
Entre os que já estavam na Câmara dos Deputados, os três mais longevos estão indo para o 8º mandato.
Bancada feminina
A partir desta sexta-feira, a bancada feminina na Câmara também irá aumentar: serão 77 deputadas, o que corresponde a 15% da composição da Câmara.
O percentual é maior que o alcançado nas eleições de 2014, de 10% (51 deputadas), recorde registrado até então, conforme os dados disponíveis da Câmara.
Apesar do aumento, o número ainda é bem inferior ao mínimo de candidaturas femininas estipulado em lei, de 30%, e à proporção de mulheres na população, de 51%.
Dentre os 26 estados e o Distrito Federal, apenas três estados não elegeram nenhuma mulher para a Câmara: Amazonas, Maranhão e Sergipe.
Diversidade partidária
A quantidade de partidos políticos representados também cresceu. Na legislatura que se encerrou, eram 25 siglas. Nas urnas em outubro, foram eleitos deputados de 30 legendas, o maior número desde a redemocratização.
A expectativa, porém, é que o número diminua para 27, após a fusão de algumas legendas que não atingiram desempenho mínimo nas eleições e que ficarão sem acesso aos recursos do Fundo Partidário e tempo no rádio e na TV de propaganda eleitoral.
PT e PSL elegeram o maior número de representantes. A bancada do PT terá 54 deputados na posse e a do PSL, 52. Mas esses números também devem mudar com as articulações para troca de legendas.
Com ideologias variadas, há divergências entre os parlamentares até mesmo dentro do próprio partido, dependendo do assunto. Um levantamento feito pelo G1 mostra como pensa a nova composição da Câmara em relação a 18 temas que deverão estar na pauta de debates.
Os dados revelam, por exemplo, que quase 60% dos deputados são favoráveis a estabelecer uma idade mínima para a aposentadoria, proposta que deverá constar da proposta de reforma da Previdência a ser enviada pelo governo Jair Bolsonaro ao Legislativo.
Jovens e idosos
Aos 84 anos, Luiza Erundina (PSOL-SP) é a deputada mais idosa desta legislatura. Ela se reelegeu deputada federal pelo estado de São Paulo, após cinco mandatos.
Já Luisa Canziani (PTB-PR), com 22 anos, é a mais jovem. Em sua primeira eleição, foi a 18ª candidata a deputada federal mais votada do Paraná, com mais de 90 mil votos. Ela é filha de Alex Canziani, que se candidatou ao Senado, também pelo Paraná, mas não se elegeu. Veja outros herdeiros políticos que se deram bem e que se deram mal em 2018.
A idade média dos deputados é de 49 anos. A faixa etária com o maior número de parlamentares é entre 55 e 64 anos, com 140 deputados.
Profissões
Os deputados que vão tomar posse declararam ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cerca de 50 ocupações diferentes. A maior parte já era formada por deputados federais. As outras profissões mais comuns informadas são a de empresário e advogado.
Há ainda administradores, engenheiros, médicos, servidores públicos, professores, jornalistas, policiais militares e integrantes das Forças Armadas.