Não são muitas as opções de lazer e esporte para as crianças e os jovens teresinenses. E quando se trata de comunidades da periferia, essa realidade fica ainda mais evidente. Prova disso é a falta de manutenção dos campos de futebol dos bairros, ou mesmo a ausência dessas unidades esportivas.
Segundo o representante da Federação das Associações de Moradores do Piauí, Teleno Bartolomeu, não há na capital uma política de ocupação dos espaços para a prática esportiva.
?Geralmente a prefeitura constrói e entrega à comunidade, mas não investe na manutenção. Em dois meses, esses locais já ficam sem iluminação e, posteriomente, são desativados?, afirma Teleno.
No Parque Rodoviário, zona Sul de Teresina, o abandono de um campo de futebol serve para ilustrar a problemática, que se repete em outros bairros. Lixo, traves enferrujadas e nenhuma partida de futebol no final da tarde. À noite, o jogo torna-se impossível devido à falta de iluminação.
De acordo com o secretário municipal de Esporte e Lazer, Roberto Veloso, há três meses houve uma reunião com o objetivo de traçar um plano para a revitalização dos campos de futebol da cidade.
?Também ficou acertado que a SEMEL responderia pela gerência dessas unidades esportivas, enquanto a manutenção das mesmas seria responsabilidade das superintendências de cada região?, alega o secretário.
Já a assessoria da SDU Sul afirma que a responsabilidade pela reconstrução dos campos de futebol é das superintendências, enquanto a manutenção e pagamento de vigias, traves, redes e bola é da SEMEL. A limpeza também é feita pela SDU, cumprindo um rodízio de, no máximo, 90 dias.
Tancredo Neves fica sem campo de futebol
Há alguns anos, no Bairro Tancredo Neves, um campo de futebol localizado às margens da BR-343 foi o cenário para disputados jogos e até mesmo para campeonatos entre moradores da região do grande Dirceu. Mas a situação mudou depois que o proprietário do terreno decidiu construir no local onde as partidas de futebol aconteciam.
A situação revoltou os moradores, que já haviam incorporado o espaço como sendo do poder público. O taxista Mauro Rocha conta que há 12 anos trabalha no Tancredo Neves e lembra como o campo de futebol era bem aproveitado.
"O pessoal do bairro usava, vinha gente de regiões próximas e organizava campeonatos. As crianças também brincavam ali. Não é certo chegar alguém e se apropriar dessa forma", defende o taxista.
Porém, de acordo com a superintendente da SDU Sudeste, Cristiane Lima, o terreno onde ficava localizado o campo de futebol é uma propriedade particular.
Por isso, o proprietário começou a murar o terreno e pretendia fazer construção, que não foi autorizada pela SDU. "A maior parte do terreno está dentro da faixa de domínio do DNIT e, por lei, ele não poderia construir", explica Cristiane.
Mesmo assim, o espaço que servia como campo de futebol do Tancredo Neves permanece desativado. Para a diversão das crianças, sobra um pequeno espaço entre um trailer e a areia que serviria para nivelar o terreno onde nada mais será construído.