Capitólio: “É impossível ouvir o que pessoas de lanchas próximas falam”

Na última semana, a jornalista Renata Menezes, esteve em Capitólio com o filho e o marido e conta como foi a experiência

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Na última semana, a jornalista Renata Menezes, editora da CRESCER, estava em Capitólio com o filho João Pedro, 10 anos, o marido e mais três famílias de amigos. Eles fizeram o passeio de lancha pelos cânions com sete crianças e um cachorro, três dias antes do acidente.

“Acredito que tudo que aconteceu nos cânions foi uma fatalidade. Algo que jamais alguém poderia imaginar que iria acontecer”. Aqui, neste depoimento exclusivo à CRESCER ela conta todos os detalhes do passeio.

As crianças na lancha perto do paredão onde aconteceu o acidente (Foto: Renata Menezes e Alessandra Ramos) 

“Eu estava com quatro famílias de férias e com sete crianças, sendo uma bebê de 1 ano, no condomínio Escarpas do Lago, no Capitólio, Minas Gerais. Temos uma amiga que mora em Passos, cidade vizinha e decidimos visitá-la e conhecer as maravilhas desse lugar. Na nossa programação, tinham passeios por algumas cachoeiras, de jipe por 10 horas na Serra da Canastra e o de lancha pelos cânions. Várias cachoeiras estavam fechadas e, por isso, cancelamos. O passeio de jipe que, inclusive, já tínhamos dado até sinal, também ficou para outra vez porque o próprio dono da agência de turismo não recomendou, devido às chuvas na região e cheias das cachoeiras e rios que estavam no trajeto.

Fizemos o passeio de lancha três dias antes do fatídico acidente. A nossa lancha, Eloah, conduzida pelo barqueiro Gabriel, da empresa @igorpasseiosnauticos, carregava oito adultos, sete crianças e um cachorro. A lancha sai do Rio do Turvo e navega por cerca de 4 horas pelo lago de Furnas. Há várias paradas no percurso, algumas inclusive para descer e tomar banho no lago. Perto das cachoeiras, a área considerada segura é demarcada com boias e cordão. Nosso barqueiro, muito cuidadoso, sabia que havia risco de tromba d´água em alguns locais, pelas fortes chuvas na região, por isso, optou por parar somente em locais extremamente seguros. Com um rádio a tiracolo, ele recebia informações o tempo todo de quem estava em terra. Gabriel, inclusive, nos explicou que, depois do acidente nas cachoeiras, tudo por lá era monitorado para garantir ainda mais segurança ao turista.

O dia do nosso passeio estava lindo bem como o encanto que é chegar perto dos cânions, com toda a beleza natural que enchia os olhos das crianças e adultos. Justamente para contemplar a natureza, bem ali, no local do acidente, as lanchas ficam praticamente desligadas, velejando devagarinho. Não se ouve nem o barulho do motor, mas o som da natureza e da cachoeira, que estava com bastante água, fazia muito barulho. A sensação de paz e tranquilidade tomou conta. Tanto que ali foi o lugar escolhido pela Helena para mamar. No dia que fomos havia apenas duas lanchas fazendo o percurso com a gente. O barulho da cachoeira não nos deixava conversar com as famílias das lanchas vizinhas. Portanto, é impossível ouvir o que alguém está dizendo ali. É provável que, de fato, apesar dos alertas e gritos das pessoas da lancha vizinha sobre o risco de desmoronamento, quem estava na embarcação próxima ao cânion não tivesse escutado nada.

Acredito que tudo que aconteceu nos cânions foi uma fatalidade. Mas é impossível não se solidarizar com as famílias que vivenciaram essa tragédia. Agora que estamos em casa, bate um aperto no coração de pensar que em um lugar que passamos dias incríveis e de pura diversão em família, se tornou uma referência triste. Desde a hora que fiquei sabendo da fatalidade, tenho rezado muito pelos familiares que perderam seus entes queridos, por aqueles que estavam ali, tentando se salvar, e pelo povo de Capitólio, que foram tão atenciosos e cuidadosos com nossa família, dos atendentes da padaria ao vendedor de queijos. Estamos de luto e em orações pelo povo de Minas Gerais."

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