Uma caravela-portuguesa assustou banhistas e, ao mesmo tempo, virou atração em uma das praias mais movimentadas de Praia Grande, no litoral de São Paulo, neste domingo (16). Apesar de biólogos afirmarem que a colônia marinha pode aparecer nas águas da costa paulista, a presença é considerada rara à beira mar. Especialistas também advertem para manter distância, já que as caravelas portuguesas são venenosas.
A beleza e as cores marcantes chamaram a atenção das pessoas. Foi o que aconteceu com a artesã e moradora de Praia Grande Rosângela Camilo Ricardo, de 57 anos, que parou durante uma caminhada pelo Canto do Forte para fotografar a espécie. "Sou nascida e criada no litoral e nunca tinha visto isso. Parecia uma água-viva, mas como outro dia tinha visto uma postagem nas redes sociais que estavam aparecendo caravelas por aqui, e tinha uma foto, eu consegui identificar".
A moradora conta ainda que a caravela-portuguesa tinha o tamanho da palma da mão de um adulto e ela, já conhecendo os perigos, fez o alerta. "A praia está cheia e tem muitos turistas. Quando vimos pais e crianças brincando no entorno, chamamos e avisamos que a caravela queima, pode dar febre, tudo que também ficamos sabendo pela internet", pontua.
A caravela-portuguesa (Physalia physalis) ou barco-de-guerra-português vive nas águas de todas as regiões tropicais dos oceanos. Ela possui cor azul ou ainda rosa e roxa, dependendo de diversos fatores ambientais, além e tentáculos cheios de células urticantes. Apesar de parecer um animal é, na realidade, uma colônia composta por muitos animais inter-relacionados (pólipos).
Especialista alerta
O professor do curso de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Assis, Sérgio Stampar, explica que a espécie é local, vive em zonas não tão próximas da linha de ondas, mas acabam chegando às praias em decorrência de ventos mais fortes.
"Elas se alimentam de crustáceos e peixes, sendo que assim a atuação das toxinas é bastante relevante para nós, humanos. Elas são, na verdade, uma colônia e pólipos (iguais as anemonas, corais e hidróides) e os grupos de pólipos têm funções diferentes. Um é o flutuador (bexiga), outro os que pegam o alimento, outro que faz a reprodução e etc", explica.
O corpo desse animal é uma bexiga cheia de gás, que fica acima da água e se assemelha a um navio de guerra antigo, movido a vela. Segundo especialistas, a colônia tem tentáculos compridos, de até 20 metros, que têm células venenosas.
Essas células urticantes estão recheadas de filamentos que libertam as toxinas da caravela-portuguesa, quando em contacto com a pele, por exemplo. Para os humanos, o contato com os tentáculos desse animal é doloroso, mas raramente fatal.
O veneno da caravela-portuguesa é, de certa forma, parecido ao da aranha viúva-negra, que provoca dores muito fortes, queimaduras que podem ser até de terceiro grau, e em casos mais extremos, reações alérgicas graves acompanhadas de arritmias, náuseas e necrose do tecido. As queimaduras provocadas pelo contacto com os tentáculos provocam cicatrizes, em certos casos, permanentes.