Cardeais cobram acesso a dossiê sobre escândalos sexuais no Vaticano

A Santa Sé informou que o dossiê do chamado caso Vatileaks só será conhecido pelo novo pontífice.

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O cardeal dom Geraldo Majella Agnelo, um dos cinco brasileiros que participarão do conclave, afirmou ontem que cobrará acesso ao relatório secreto entregue a Bento 16 com informações sobre escândalos na igreja.

Nesta semana, a Santa Sé informou que o dossiê do chamado caso Vatileaks, feito por três cardeais a pedido do agora papa emérito, só será conhecido pelo novo pontífice.

Dom Geraldo, arcebispo emérito de Salvador, disse ser contrário ao sigilo e defendeu que as conclusões do relatório sejam informadas antes do conclave a todos os 115 cardeais votantes.

"Eu acho que devia ser, se é que temos um dossiê grande. Devia ser comunicado. Que esses três cardeais passassem para nós, antes do conclave", defendeu. "Se houve uma comissão e eles apresentaram um parecer, nós vamos querer saber."

Segundo a revista italiana "Panorama" e o jornal "La Repubblica", o dossiê descreveria uma rede de corrupção e prostituição homossexual na Santa Sé e teria sido determinante na saída do papa.

O Vaticano confirmou a existência do relatório, mas negou a versão da imprensa.

O cardeal dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da CNBB e membro do conclave, disse à Folha esperar receber ao menos um resumo do texto antes de votar. "Os cardeais devem ter conhecimento do que é necessário".

"O importante é ter uma noção do que é fundamental neste documento. Por enquanto, só estou acompanhando pelos jornais."

Constantemente citado entre os prováveis substitutos de Bento 16, o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, disse que é "fantasia" achar que já existam candidatos a papa e que as definições só devem começar com as reuniões entre os cardeais.

"Dizer que, antes do conclave, já tem os candidatos prontinhos, faz parte da fantasia --que a gente compreende muito bem, mas não é a realidade do que significa, daqui pra frente, o trabalho do colégio cardinalício", disse à Rádio Vaticano.

"Daqui a uns dias, os cardeais começarão a se reunir (...) para uma grande tomada de consciência da situação da igreja". "Naturalmente, no meio de todas essas considerações, vai se esculpindo também o perfil daquele que deve assumir o papel de sucessor de Pedro."

Dom Geraldo disse ter cinco possíveis candidatos em mente e que o conclave, previsto para o início de março, começará sem favoritos. "Agora não temos ninguém que se sobressaia. Estão todos mais ou menos nivelados".

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