Cardeal francês é condenado à prisão por não denunciar abusos sexuais

Philippe Barbarin foi condenado a seis meses de prisão. Defesa vai recorrer da sentença.

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O cardeal francês Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, foi condenado a seis meses de prisão por não denunciar agressões sexuais contra menores cometidas por um padre de sua diocese. A defesa deve recorrer da sentença.

Barbarin, de 68 anos, não estava no tribunal correcional de Lyon nesta quinta-feira (7) para ouvir o veredito. Ele é a maior autoridade da Igreja católica processada na França por casos de abusos de menores.

Por outro lado, outros cinco acusados de não denunciarem os crimes cometidos pelo padre Bernard Preynat não receberam condenação: Maurice Gardes (arcebispo de Auch), Thierry Brac de La Perrière (bispo de Nevers), padre Xavier Grillon e os leigos Pierre Durieux (ex-diretor de gabinete de Barbarin) e Régine Maire (encarregada pela arquidiocese de receber vítimas de pedofilia).

De acordo com o jornal "Le Monde", a condenação foi simbólica e justiça se concentrou no acusado que ocupava o cargo mais alto da hierarquia da igreja católica acusado pela associação La Parole Liberée de silenciar face ao caso de pedofilia. O juiz entendeu que o cardeal Barbarin intencionalmente obstruiu a justiça.

Os advogados anunciaram que pretendem apresentar um recurso contra a sentença. "A motivação do tribunal não me convence. Portanto, vamos apelar contra a decisão por todas as vias do direito", disse Jean-Félix Luciani, que considera "difícil para o tribunal resistir a uma tal pressão com documentários, um filme [produzidos sobre o caso]".

Francois Devaux, cofundador da associação que entrou com a ação, celebrou a sentença, que considerou uma "grande vitória para a proteção das crianças".

Abusos

O caso veio à tona em 2015, depois que várias vítimas denunciaram o padre Bernard Preynat por abusos cometidos entre 1986 e 1991. Na época dos abusos, as vítimas eram menores de 15 anos.

Emmanuel Foudrot/Reuters

As vítimas também apresentaram uma denúncia contra Barbarin por não ter recorrido à Justiça, embora estivesse a par dos fatos.

O advogado Jean Boudot, que representava as vítimas, afirma que o cardeal sabia dos casos de pedofilia desde pelo menos 2010, quando discutiu com o padre Preynat os "rumores" que corriam sobre ele.

O cardeal, porém, afirma que só soube das denúncias contra o religioso em 2014 depois de conversar com uma das vítimas.

Depois de seis meses de investigação e de seis horas de interrogatório do cardeal, a Procuradoria de Lyon arquivou o caso em 2016. Várias vítimas lançaram, porém, um procedimento de citação direta. Na França, isso permite à vítima recorrer diretamente a um tribunal penal.

A partir daí o caso ficou sob responsabilidade da juíza presidente da 17ª câmara correcional de Lyon, Brigitte Vernay. O julgamento começou em janeiro deste ano e Barbarin negou ter alguma culpa no caso. "Não vejo do que sou culpado", afirmou o cardeal.

De acordo com o “Le Monde”, em 2001 e 2018 bispos foram condenados na França em casos semelhantes.

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