Carência de professores compromete período letivo na Uespi

A instituição possui 1.427 professores, sendo quase 40% temporários para atender as 35 unidades de Ensino. Os campi de Teresina são os que mais necessitam de profissionais

UESPI | Reprodução
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A Universidade Estadual do Piauí (Uespi) continua com irregularidades no quadro de docentes, de acordo com levantamento divulgado na semana passada pela reitoria. A instituição possui um total de 1.427 professores, sendo estes 872 (60,94%) efetivos e 555 (39,06%) temporários para atender as 35 unidades de Ensino, 11 campi, 12 núcleos e 12 polos. Situações que contrariam as leis de resolução Nº 124/2009, que regulamenta o número de professores temporários, sendo que este não deverá ultrapassar o percentual de 30% e a de nº 1/2010 (Conaes) que exige, no mínimo, cinco professores efetivos no quadro de docentes por curso.

De acordo com dados da Associação dos Docentes do Ensino Superior da Uespi (Adcesp), em maio foi feito um levantamento com o Ministério Público do Estado e foi constatado que a Uespi apenas em Teresina necessita de 140 professores efetivos, sendo 32 no campus Clóvis Moura (Dirceu) e 108 no campus Poeta Torquato Neto (Pirajá).

Em Floriano, a carência é de 69 professores efetivos, enquanto que em Parnaíba é de 66 docentes. Já em Picos, a necessidade é de 50 profissionais efetivos. Essa necessidade afeta também os campi em Piripiri (35), Oeiras (29), São Raimundo Nonato (26), Barras (25), Uruçuí (23), Corrente (22), Campo Maior (18), Bom Jesus (17), e União (9).

“Fizemos um levantamento junto ao MPE em maio deste ano, e constatamos uma carência de mais de 500 professores efetivos da Uespi em todo o estado. Acreditamos que este levantamento ainda é atual, pois não foi feito nenhum concurso para docentes efetivos”, garante a assessoria da Adcesp.

Segundo o pró-reitor adjunto de Ensino e Graduação, Paulo Henrique Pinheiro, a Uespi está se articulando com o governo do estado, para que sejam sanadas as carências de professores, fato que influenciará no número de vagas a serem ofertadas pela instituição pelo Sisu 2015.

“Estamos articulando com a equipe de transição do governo do estado. A última reunião que ocorreu foi semana passada. E apresentamos o cenário atual da Uespi, para que esta atenda, principalmente, a resolução de nº 1/2010 (Conaes), que exige cinco professores efetivos por curso, no mínimo. Precisamos da resposta do governo, para que possamos ofertar vagas no Sisu 2015. Essa definição ocorrerá até o final deste mês”, afirma o pró-reitor da PREG.

Comunicação Social é um dos cursos mais afetados por falta de docentes

Dentre os cursos da Uespi que se encontram com carência de professores está o de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e Relações Públicas, no Campus Torquato Neto, em Teresina.

Atualmente, o curso de Jornalismo possui nove professores efetivos e uma professora substituta, já a habilitação em Relações Públicas tem apenas dois professores efetivos, sendo que um deles retornará do doutorado ano que vem.

A coordenadora e professora do curso de Comunicação Social da Uespi, Sammara Jericó, diz que foram solicitados seis professores para o curso, a fim de preencher a carência do curso de Comunicação Social em Teresina. E confirma: os alunos continuam sem aulas.

“Não está tendo professores suficientes para a habilitação de Relações Públicas. Desde janeiro enviamos uma solicitação de concurso efetivo à PREG e até então estamos aguardando o resultado. O que sabemos é que a PREG juntamente com o Governo do Estado estão em negociação”, explica a coordenadora do curso.

Para os alunos, a falta de professores é um desestímulo. A estudante de Comunicação Social e Relações Públicas, Cida Cardoso, 21 anos, afirma se sentir frustrada diante da falta de professores no curso de Relações Públicas, por ter aguardado melhorias na segunda habilitação, já que na primeira enfrentou problemas.

“Eu me sinto frustrada, porque meu curso de Jornalismo já foi levado aos trancos e barrancos, pois a universidade sempre esteve em dificuldades. Quando terminei a primeira habilitação, criei esperanças de que, pelo menos, no curso de RP (Relações Públicas) tivesse alguma melhora. Infelizmente não aconteceu”, lamenta a estudante que está sem aulas desde o início deste semestre.

Já Valmir Macedo, estudante do último período do curso de Comunicação Social, confessa que o sentimento de insegurança aumenta. “Vamos nos formar, teremos que enfrentar um mercado de trabalho de Relações Públicas que ainda engatinha no Piauí. Se formos pensar na falta de professores e no que isso implica na nossa formação, essa insegurança aumenta”, desabafa o estudante.

O curso de Comunicação Social da UESPI será desmembrado, a partir de 2016. A separação das habilitações, Jornalismo e Relações Públicas, fará com que as grades curriculares sejam distintas e ambas passem a ter duração mínima de 4 anos. Para Sammara Jericó, o desmembramento trará ganhos tanto para os alunos quanto para o mercado de trabalho“.

Uespi ofertará período especial

A carência de docentes na UESPI abrange cursos de Educação Física, Administração, Computação, Geografia, Comunicação Social dentre outros. Sobre a possível perda do período letivo, o pró-reitor adjunto da PREG, Paulo Henrique Pinheiro, garante que será ofertado o período especial a fim de evitar que os alunos sejam mais prejudicados com essa situação.

“Os alunos não irão perder o período letivo. Isso porque ofertaremos o período especial, nos meses de janeiro a março de 2015, para que os alunos não tenham prejuízos na aprendizagem”, garante.

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