A Polícia Civil abriu investigação nesta quarta-feira (11) para apurar o caso de agressão de uma menina de dois anos dentro de uma creche filantrópica em Pedreira (SP). Os pais da criança descobriram que a filha era mau tratada pela monitora do local por um vídeo (ao lado) publicado na internet na segunda-feira (9). A mãe da garota, a decoradora Edilaine Dias, conta que assistiu às imagens na noite de terça-feira (10) após ser avisada por um amigo.
Segundo a família, a direção da creche sabia do fato e demitiu a funcionária em janeiro, quando o vídeo foi feito, mas não informou os pais para "preservar a imagem do local". As imagens mostram a garota no canto da sala da Casa Espírita de Assistência à Criança (CEAI) chorando e a monitora gritando com a criança. Em seguida, a funcionária segura a menina por um dos braços e a arrasta até outro lado do cômodo. A monitora continua gritando com a menina enquanto coloca um sapato nela e dá um tapa na boca dela.
O material foi fornecido pelos pais e está sendo analisado pelo delegado de Pedreira, Munir Prestes, que registrou o caso como maus tratos consumado. O autor do vídeo e a pessoa que publicou o material ainda não foram identificados pela polícia. Nesta quarta-feira, o vídeo não estava mais disponível para visualização no Youtube. "Nós já ouvimos os pais e queremos ouvir a monitora que está nas imagens", explica o delegado.
Na data da agressão, a menina tinha 1 ano e 11 meses. "Até o ano passado, era outra monitora, e ela adorava ir para a escola. Mas depois ela começou a aparecer com marcas "roxas" no corpo, até na orelha, e arranhada. Eu perguntei o que estava acontecendo, mas me disseram que era normal, coisa que acontecia nas brincadeiras entre as crianças", conta a mãe. Os pais também perceberam mudança no comportamento da garota, que chorava muito quando ia para a creche.
Após tomarem conhecimento do vídeo, os responsáveis pela menina procuraram a direção da creche e ficaram sabendo que a monitora havia sido demitida por conta dos casos de maus tratos aos alunos e que sabiam do vídeo e do caso relacionado à menina. Os pais alegam que em nenhum momento foram procurados para serem informados sobre o assunto e que a justificativa da direção foi "preservar a imagem da entidade". "O pior de tudo é saber que aconteceu, que a creche ficou sabendo, que ela [diretora] viu, demitiu a monitora e não falou para nós", lamenta a mãe da menina.
A diretora também será chamada para prestar esclarecimentos na delegacia. "Queremos ouvir todos os envolvidos, mesmo os que não estão no vídeo", alega o delegado Munir Prestes. A direção da Casa Espírita de Assistência à Criança foi procurada para falar sobre o assunto, mas ninguém foi encontrado. A monitora também não foi localizada pela reportagem.
A menina deixou de frequentar a creche nesta quarta-feira. A mãe dela, Edilaine Dias, informou que vai parar de trabalhar para poder cuidar da criança. "Não tenho mais confiança", diz a decoradora. A família também pretende entrar com processo na Justiça contra a monitora.