4 anos depois, Caso Eloá ainda vive para moradores de prédio da tragédia

Caso ainda está vivo na memória dos moradores da área, que evitam falar sobre assunto

Pichações lembram sequestro de Eloá; adolescente foi assassinada após ficar cem horas em cárcere privado | Reprodução
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Nos muros do bloco 24 do conjunto habitacional da rua dos Dominicanos, no Jardim Santo André, periferia de Santo André (ABC paulista), uma entre as inúmeras pichações indica que a tragédia envolvendo a estudante Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, permanece viva na memória dos moradores da área. Sequestrada pelo ex-namorado Lindemberg Alves, no dia 13 de outubro de 2008, Eloá ficou 100 horas em poder do agressor, mantida em cárcere privado no apartamento 24 do edifício, onde morava com a família.

Perplexo, o País acompanhou o desenrolar da história, que terminou com a morte da adolescente e uma amiga dela baleada. Quatro anos depois, o caso ainda é tabu no bloco 24, marcado como ?o prédio do sequestro da Eloá?, como relata o estudante Lucas Fernando, 18 anos, morador de um dos apartamentos.

? As pessoas procuram endereços e usam como ponto de referência ?o prédio do sequestro da Eloá?. Não é nem bloco 24. É o ?prédio da Eloá?.

O rapaz, que vive no conjunto há 15 anos, diz que, até hoje, não consegue acreditar no que aconteceu com a amiga.

? Às vezes, olho para a porta do apartamento dela e não acredito. Ainda não caiu a ficha. Lembro dela, principalmente, na hora em que chego da escola. Eloá ficava sempre na porta e a gente conversava. Ninguém imaginava que fosse ocorrer aquilo.

A imagem de Eloá também é forte na memória da aposentada Dejanira Alves, 72 anos, outra moradora do prédio.

? Eu saio de casa e parece que vejo a Eloá com aquela corda.

A afirmação é em referência à corda feita com lençóis amarrados, usada pela menina para pegar comida durante o sequestro.

A aposentada fala que, após a tragédia, pensou em se mudar, mas não conseguiu vender o apartamento. Dejanira fala que é desgastante lembrar do sequestro. Ela conta que na época chegou a passar mal.

? Foi uma coisa que a gente só vê pela TV, e não ao vivo. Minha pressão subiu. Passei mal. Acho que nunca vou esquecer.

Diferente dos dois, outra moradora do edifício (que preferiu não se identificar) diz que a recordação do caso, aos poucos, vai se tornando mais branda.

? O pessoal lembra, mas não é como antes. Vejo que o povo já está esquecendo.

Porém, enquanto falava com o R7, a mulher foi interrompida pela mãe, que também optou por não revelar a identidade.

? Eu discordo. Como se pode esquecer de um caso desse? Mexeu muito com a gente. Foi a vida de um ser humano. Mudou minha rotina. Qualquer barulho que ouço, quero saber o que está acontecendo. A gente fica abalada.

?Saudade e tristeza?

Lucas Fernando descreve a amiga como uma ?menina única?.

? Eloá não era o tipo de garota que a gente encontra por aí. Era bonita, humilde. Não é porque morreu. Ela era humilde mesmo. Carrego saudade e tristeza. Ela faz bastante falta.

Dejanira também engrossa o coro dos elogios à adolescente assassinada.

? Era uma menina muito boa. Toda manhã, ela vinha aqui [no apartamento] para ir com minha neta ao colégio. Naquela época, foi tudo muito triste.

Na opinião do amigo de Lucas, nem mesmo a condenação de Lindemberg a 98 anos de prisão é capaz de diminuir o sentimento de perda.

? Para mim, foi o mesmo que nada [a condenação]. Daqui a 30 anos, ele está de volta, vivo, porque a Justiça brasileira não permite que uma pessoa fique presa além deste tempo. Já a menina, não. Ele está estudando na cadeia e a Eloá está em um jazigo.

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