O delator do Caso Marielle forneceu à polícia o número de um celular que teria sido usado pelos assassinos no dia do crime. A vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram mortos há dois meses e até hoje o crime não foi esclarecido. Essa semana, a Polícia Civil ouve o vereador Marcello Siciliano e o miliciano Orlando Curicica, apontados em delação como os mandantes da morte de Marielle e Anderson.
No domingo (13), foram reveladas conversas gravadas pela polícia entre o vereador Marcello Siciliano e um miliciano. O delator afirma que Siciliano é um dos mandantes do assassinato, o que o vereador nega.
Dias após o atentado, a Polícia Civil recuperou dados das cinco empresas de telefonia que operam na região do crime. As informações coletadas são das 26 antenas de celulares do trajeto feito pelo carro da vereadora. Os agentes analisaram os sinais dos telefones celulares usados no percurso. O número de um deles foi passado semanas depois pelo delator.
Segundo matéria publicada pelo jornal O Globo semana passada, ele e Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, tramaram a morte da vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros na noite de 14 de março.
Novos depoimentos
A Polícia Civil ouve esta semana o vereador Marcello Siciliano e o miliciano Orlando Curicica, apontados em delação como os mandantes da morte de Marielle Franco. Ambos negam. Siciliano já tinha dado depoimento à Delegacia de Homicídios no início de abril, quando a delação ainda não tinha vindo à tona.
Na época, Siciliano afirmara estar à disposição. "Fui convocado a vir aqui prestar esclarecimentos para poder ajudar na linha de investigação que eles tomaram. Todos os vereadores foram chamados a vir aqui. A Marielle era uma pessoa da qual eu gostava muito. Sinto muito a perda dela e torço para que esse caso seja esclarecido", declarou.
Miliciano acusa delegado
Na mesma carta em que negou participação no assassinato de Marielle, Orlando Curicica acusou um delegado da Divisão de Homicídios (DH) de tentar convencê-lo a confessar envolvimento no crime.
"Ele foi visitado pelo delegado titular da DH, doutor Giniton, que fez uma proposta que eu considero uma ameaça, dizendo a ele o seguinte: 'Ou você assume esse crime ou vou embuchar mais dois homicídios na sua conta e vou lhe transferir para Mossoró. Se você assumir, eu consigo um perdão judicial", descreveu o advogado de Orlando, Renato Darlan.
A Polícia Civil informou em nota que o delegado Giniton Lopes esteve no presídio para tomar o depoimento de Orlando sobre o assassinato de Marielle, mas ele não quis falar.