Os casos registrados de cólera praticamente já duplicaram dentro de apenas 24 horas em Moçambique, chegando a 517, após milhões de pessoas ainda continuarem sofrendo com o caos deixado pelo ciclone Idai no Sul da África.
Uma endemia em Moçambique, a cólera, provocou surtos repetidos nos últimos cinco anos. Cerca de 2 mil pessoas foram infectadas no último deles, que acabou em fevereiro de 2018, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). A organização anunciou após o ciclone o envio de 900 mil doses de vacina oral contra a cólera de um estoque global.
A primeira morte oficialmente reportada em decorrência da doença por conta do ciclone foi registrada neste domingo. Um problema crônico do país, a cólera se agrava com o rastro de destruição deixado pelo fenômeno ligado ao clima.
— Nós registramos uma morte por cólera. A pessoa chegou aqui em condição muito crítica. O falecido é a primeira pessoa a morrer de cólera nas nossas instalações — disse o diretor nacional de para Assistência Médica de Moçambique, Ussene Isse, à televisão pública TVN.
Na última sexta-feira, pelo menos duas pessoas haviam morrido do lado de fora de hospitais com sintomas de desidratação e diarréia, que são característicos de pacientes que sofrem de cólera. No sábado, o número reportado de pessoas com a doença era de 271, segundo autoridades.
Contágio
A cólera é disseminada pelas fezes em água ou alimentos contaminados com esgotos, e os surtos podem se desenvolver rapidamente quando os sistemas de saneamento são interrompidos. A doença pode matar em poucas horas se não for tratada. Há também preocupação de que seja inevitável um surto de malária.
Com 746 mortes registradas até o momento decorrentes do ciclone nos três países afetados — Moçambique, Zimbábue e Malauí —, o balanço de vítimas fatais ainda poderá ainda subir. Do total de mortos confirmados, pelo menos 501 estavam em Moçambique. Há cerca de 1,85 milhão de pessoas deslocadas depois que comunidades inteiras submergiram, com regiões inteiras varridas pela água.
Muitas áreas de Moçambique e Zimbábue muito afetadas pelo ciclone ainda não podem ser acessadas por estradas. Autoridades temem que haja um grande número de vítimas nestas localidades. Nos primeiros dias após o ciclone, o governo de Moçambique estimou o número de desaparecidos em 15 mil.