Para o catador de papel Pedro Rosa dos Santos, de 47 anos, a sensa??o ? de estar flutuando, como se "estivesse em uma outra gal?xia".
O sentimento vem ? tona quando ele se lembra do convite para participar da exposi??o "Moradias transit?rias", aberta ao p?blico no Museu Nacional do Conjunto Cultural da Rep?blica, no centro de Bras?lia. Em 2008, a mostra deve ir para S?o Paulo.
"Foi a primeira exposi??o que eu vi na minha vida, nunca imaginei que ia entrar em um pr?dio desses", diz ele.
Mal sabia ele tamb?m que um dia uma das obras expostas ali seria uma r?plica da carro?a que utiliza para trabalhar, viver, dormir - criada pelas m?os do pr?prio catador.
Ao lado dela, os organizadores colocaram uma fotografia que revela os olhos de Pedro Rosa fixados nas p?ginas de uma revista encontrada na rua. O catador aparece em cima do ve?culo, devidamente "estacionado" no Setor de Embaixadas Norte da capital, onde ele e amigos carroceiros "moram".
"Quer?amos trazer um elemento da realidade para dentro da exposi??o", explica o curador, Nicola Goretti. "O Brasil ? um pa?s de contrastes muito fortes. Em cidades como S?o Paulo e Rio de Janeiro, isso fica bem evidente, mas em Bras?lia, ? como se esse problema estivesse escondido de certa forma. Pedro n?o ? designer, artista nem arquiteto, ele ? a realidade mesmo".