O delegado Marcelo Arigony, um dos responsáveis pelo inquérito que investiga as causas do incêndio que aconteceu na boate Kiss, disse nesta quinta-feira (31) que a polícia ainda não teve acesso ao plano de prevenção e combate a incêndio do local. Na madrugada do último domingo (27), um incêndio na boate deixou mais de 230 mortos.
"Dentre os documentos encaminhados, numa análise preliminar, nós ainda não encontramos o plano de prevenção. Oficiamos para dez instituições. Estamos pedindo este plano para a prefeitura e para os Bombeiros. Não sabemos nem quem tem este plano", disse o delegado.
Segundo Arigony, a causa das mortes na boate Kiss foi a fumaça que saiu da espuma que revestia o teto da boate. A espuma era usada para proteção acústica do local.
"Isso (espuma) foi a causa da morte. O que era inflamável era isso. Isso foi colocado para melhorar a acústica do local e vamos verificar. O local onde não tinha a espuma praticamente não queimou. Isso queima muito rápido e emite um gás. Foi a acusa", disse o delegado.
Segundo o delegado, ao que indica, a espuma utilizada não possui uma espécie de camada protetora que reduziria os riscos de incêndio. "Parece que estava irregular, mas a polícia está investigando", disse.
Novo depoimento
Ainda nesta quinta, o delegado afirmou que foi ouvido o depoimento de um dos donos da empresa Hidramix Prestação de Serviço. Segundo o delegado, o empresário disse que os outros dois sócios da empresa são um bombeiro da ativa e outro da reserva. Ele disse ainda que a empresa foi responsável por instalar a barra de ferro da porta da boate.
Prorrogação das prisões
O delegado que ainda esta trabalhando para pedir a prorrogação das prisões dos sócios da boate e dos integrantes da banda que estão detidos desde segunda-feira. As prisões temporárias dos quatro vencem nesta sexta-feira. "Não pedímos ainda (a prorrogação). Estamos trabalhando para pedir a de todos", disse o delegado.
De acordo com o delegado, a polícia ainda não tem informações concretas sobre quantas pessoas estavam na boate na noite da tragédia. Ainda segundo ele, o alvará que já está em poder da equipe de investigação mostra que a capacidade seria para 691 pessoas.
Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, deixou 235 mortos na madrugada do último domingo (27). O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. De acordo com relatos de sobreviventes e testemunhas, e das informações divulgadas até o momento por investigadores, é possível afirmar que:
- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso.
- Era comum a utilização de fogos pelo grupo.
- A banda comprou um sinalizador proibido.
- O extintor de incêndio não funcionou.
- Havia mais público do que a capacidade.
- A boate tinha apenas um acesso para a rua.
- O alvará fornecido pelos Bombeiros estava vencido.
- Mais de 180 corpos foram retirados dos banheiros.
- 90% das vítimas fatais tiveram asfixia mecânica.
- Equipamentos de gravação estavam no conserto.