Após a preparação de um ano para o vestibular, Helena Moura e Ivaldo Lima ficaram impossibilitados de fazer a prova para concorrer a uma vaga na Universidade Estadual do Piauí. Diferente do que geralmente acontece, a causa não foi o atraso na chegada. Ambos não trouxeram a carteira de identidade.
Ivaldo é de Fortaleza e havia perdido a carteira de identidade. Com o boletim de ocorrência nas mãos, o jovem acreditava que poderia fazer a prova, mas foi retirado da sala cercado por policiais militares. Ainda chamaram reforço do 9º BPM, mas o estudante já havia saído da Universidade.
?Eu vou analisar a possibilidade de entrar com processo contra a Uespi porque eu registrei o B.O. E lá havia todos os meus dados. Eu não sou obrigado a ter carteira de motorista e ainda sou estudante, por isso não tenho carteira de trabalho?, contestou Ivaldo.
Já o caso de Helena foi diferente. A jovem esqueceu o documento exigido para identificação e pediu que um tio fosse pegar em casa. No entanto, ele não chegou a tempo e ela viu os portões serem fechados sem que pudesse fazer nada.
Número de inscrições é menor que em 2008
O número de inscrições caiu este ano. Em 2008, foram 41.840 inscritos que concorreram a 4.370 vagas. O Nucepe esperava cerca de 45 mil candidatos em 2009, mas teve apenas 35.059. Para uns, o ano foi de estudo, privações e co- branças. Para outros, nem tanto. O fato é que nesse domingo todos os 35.059 inscritos no vestibular da Uespi enfrentaram o primeiro dia de provas rumo à conquista de uma das 8.035 vagas ofertadas para os 28 cursos de graduação.
Entre esses estudantes está Ana Kellya Siqueira. A concorrência para o curso de Enfermagem é o que mais a preocupa. ?A gente nunca está preparada, sempre tem o nervosismo, e o vestibular tem muito a questão da sorte?, disse a jovem. A quantidades de gente entrando no Campus Poeta Torquato Neto assusta os concorrentes. Lá, ficaram os candidatos a Medicina e Enfermagem. Esses dois cursos de saúde são os mais concorridos. Medicina tem 41,55 candidatos por vaga e enfermagem, 32,8.
Fisioterapia está em terceiro lugar, com 31,24. Por outro lado, a concorrência dos cursos de Física e Química não chega a uma pessoa por vaga.
Para enfrentar a disputa do vestibular, vale a pena renunciar de algumas horas de lazer. É o que defende Samara Souza Santos, que busca uma vaga para Medicina. ?Deixei de ir a muitas festas, passei noites estudando?, diz. Seu pai, Francisco Souza Santos, estava ao lado, apoiando e tentando tranquilizá-la. ?Nessa hora o que pesa é a confiança em si mesmo. Foi para alcançar esse objetivo que ela se dedicou o ano todo. Então é só ter tranquilidade?, aconselha Francisco.
Para quem veio da rede pública, o desafio torna-se ainda maior. ?Não é porque eu não estudei em escola particular que tenho o direito de ser reprovada?, diz Ana Kellya que recebeu muitas cobranças da família e até dos amigos. Ela estudou no Cefet e mantinha uma rotina de estudos em casa e na biblioteca do colégio. 68,6% dos candidatos ao vestibular da Uespi são de escolas públicas. (N.F.)
Vestibular custou mais de R$ 1 milhão
Para os investimentos em segurança e estrutura, foram gastos R$ 1 milhão e 300 mil. 3.500 pessoas entre vigias, zeladores, soldados, coordenadores e fiscais foram envolvidas.
O Núcleo de Concursos e Promoções de Eventos (Nucepe) implantou um novo sistema de segurança que utiliza as impressões digitais dos candidatos e dificulta a prática de falsidade ideológica. No primeiro e segundo dias de provas as impressões serão colocadas no verso do cartão de respostas. Depois que o candidato for aprovado, elas serão analisadas.
Além disso, foram usados equipamentos de bloqueio de celular e detector de metais nas salas, corredores e banheiros. Segundo o presidente do Nucepe, Francisco Felipe da Silva Filho, a aplicação das provas aconteceu dentro da normalidade. O resultado deve sair até o dia 8 de janeiro. (N.F.)