A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um estudo sobre a violência entre adolescentes em relacionamentos íntimos. De acordo com a pesquisa, cerca de 24% das meninas que mantêm um relacionamento íntimo sofrerão violência física e/ou sexual pelo parceiro até os 20 anos, o que corresponde a aproximadamente 19 milhões de jovens em todo o mundo. A análise foi publicada na revista científica The Lancet Child & Adolescent Health e é baseada em dados coletados entre 2000 e 2018 em 161 países.
Casos
O estudo, que se concentrou em casos de violência física e sexual, excluiu a violência psicológica devido à falta de uma medida internacionalmente comparável. Os resultados revelam que, além da alta probabilidade de violência em relacionamentos íntimos, cerca de 16% das adolescentes enfrentaram esse tipo de abuso no último ano. Essa situação é considerada uma questão crítica de saúde pública, segundo Pascale Allotey, diretora do Departamento de Saúde Sexual e Reprodutiva e Pesquisa da OMS.
Impactos
A violência entre parceiros íntimos pode ter impactos devastadores na vida das jovens, afetando áreas como desempenho escolar e relacionamentos futuros. Além dos danos emocionais, os casos de violência estão associados a um aumento no risco de lesões, depressão, transtornos de ansiedade, gravidez não planejada e infecções sexualmente transmissíveis, entre outras condições físicas e psicológicas.
Situação no Brasil
Embora o Brasil não esteja entre os países com os índices mais altos de violência contra meninas adolescentes, o país ocupa a 91ª posição em uma lista de 160 países. Estudos indicam que 17% das brasileiras relataram ter sofrido agressão de (ex-)namorados ou (ex-)maridos entre os 15 e 19 anos, com uma prevalência anual de 10% em 2018.
Regiões mais afetadas
O estudo destaca que as regiões mais afetadas são a Oceania, com 47% de prevalência, e a África Subsaariana Central, com 40%. Em contraste, a Europa Central e a Ásia Central têm os menores índices, com 10% e 11%, respectivamente. A OMS aponta que a violência é mais comum em países de baixa renda, onde as meninas têm menos acesso à educação e direitos legais mais fracos em comparação aos meninos.
Enfrentamento
Para enfrentar o problema, a OMS defende a necessidade urgente de fortalecer serviços de apoio e medidas de prevenção adaptadas aos adolescentes. A organização também ressalta a importância de promover direitos de mulheres e meninas por meio de programas educacionais que ensinem sobre relacionamentos saudáveis e prevenção da violência. Além disso, é fundamental combater práticas prejudiciais como o casamento infantil e garantir a educação secundária para todas as meninas para reduzir a violência de parceiros.