O vulcão Cumbre Vieja, na ilha de La Palma, na comunidade autônoma espanhola das Canárias, entrou em erupção às 11h12 no horário de Brasília (15h12, no horário local) deste domingo, na zona de Las Manchas, depois de mais de uma semana de registro de milhares de atividades sísmicas na região. O complexo vulcânico de Cumbre Vieja não entrava em erupção desde 1971.
De acordo com a agência Efe, na zona perto de Las Manchas é visível uma enorme coluna de material vulcânico. O local onde houve a erupção não é habitado, segundo o presidente das Canárias, Ángel Víctor Torres. Antes da erupção, um sismo de magnitude 3,8 foi registrado à superfície. O Comite Científico do Plano de Prevenção de Riscos de Vulcões chamou atenção para a eventualidade de queda de rochas na costa sudoeste da ilha, que "poderão também causar danos nos edifícios".
Na manhã de domingo, as autoridades começaram a retirar as pessoas com problemas de mobilidade das localidades dos municípios de El Paso, Los Llanos de Aridane, Villa de Mazo e Fuencaliente. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, cancelou compromissos neste domingo e segue para a ilha de La Palma, no arquipélago das Canárias. "Perante a situação na ilha de La Palma, o presidente adiou a viagem prevista para hoje para Nova Iorque", onde vai participar na Assembleia Geral das Nações Unidas, "e vai visitar as Ilhas Canárias para acompanhar o desenvolvimento da situação ", disse em um comunicado citado pela AFP.
Ainda de acordo com as autoridades locais, os serviços de emergência estão de prevenção para a eventualidade de terem de evacuar cerca de um milhão de pessoas. Segundo o prefeito Sergio Rodríguez, 300 pessoas já foram retiradas de suas casas e levadas para o campo de futebol de El Paso. O governo recomenda que a população não se aproxime da área atingida. Além disso, pessoas das aldeias vizinhas foram orientadas a procurarem um dos cinco abrigos, e soldados foram enviados para ajudar na remoção dos moradores.
Tsunami no Brasil?
A Sociedade Brasileira de Geologia (SBG) publicou uma nota técnica na sexta sobre o risco de um tsunami atingir a costa brasileira em caso de erupção do vulcão. No documento, a instituição afirmou que, apesar de existir um risco e de ele ser estudado desde 1999, a probabilidade de o fenômeno ocorrer é muito baixa.
A divulgação do alerta causou preocupação no Brasil e fez o assunto ser um dos mais comentados nas redes sociais. Mas, afinal, as chances de acontecer esse fenômeno são motivo de real preocupação?
Na visão do professor Francisco de Assis Dourado, do Centro de Pesquisas e Estudos sobre Desastres da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), as consequências de uma eventual erupção do vulcão na ilha La Palma não causariam ondas colossais. Ele explicou que as simulações que mostram a chegada de um tsunami usam velocidades extremas. "Mas as probabilidades dentro desses parâmetros são muito pequenas", afirmou.
Para o professor e geólogo André Avelar, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não há qualquer risco para o Brasil.
"Essa erupção está associada a pequenos abalos sísmicos, mas que são de pequena magnitude, em torno de 3,8º na escala Richter. Para ocorrer um tsunami, teria que ser um abalo mais alto, da ordem de seis, sete e daí pra cima. Os abalos sísmicos relacionados ao vulcão não terão como consequência os tsunamis", disse o professor.