O faxineiro Levy José Ribeiro, de 64 anos, avô de Júlia Gonçalves Damasceno, de 13, morta após a queda de um muro no Morro do Palácio, em Niterói, na Região Metropolitana, na noite de quinta-feira (17), disse na manhã desta sexta (18) que a neta morreu para salvar duas crianças, um menino de 3 anos e uma menina de 2 anos, de quem estava tomando conta. As duas crianças ficaram feridas. Chovia forte no Região Metropolitana do Rio na hora do desabamento.
?É uma dor muito grande perder minha netinha. Ela falou: vovô, eu arrumei um emprego, vou cuidar de duas crianças para ganhar R$ 150. Eu disse a ela que era muito pouco, para ela não ir. Mas ela disse que a vida estava difícil. As crianças caíram em um buraco e ela se jogou por cima delas para protegê-las quando o concreto caiu. Ela era uma criança muito querida na família, muito boa?, disse o avô emocionado.
A avó da menina, Maria Luzia Gonçalves Ribeiro, disse que alertou sobre o perigo do muro desabar. "A gente avisou sobre o muro na associação de moradores para avisarem à prefeitura. Mas ninguém fez nada. Como sempre, esperam acontecer alguma coisa para tomar providência", disse a avó de Júlia.
Segundo o avô ainda há risco de tragédia no local. "A Defesa Civil nunca tinha ido lá. A água está entrando no subsolo e pode virar uma grande tragédia. A água está amolecendo. Lá atrás da minha casa mesmo tem um barranco, que a gente dorme morrendo de medo dele deslizar", disse o avô de Júlia.
Às 8h, o corpo da menina estava no Instituto Médico-Legal de Tribobó, em Niterói, aguardando a liberação. As duas crianças salvas por Júlia foram atendidas no Hospital Azevedo Lima, também na cidade. O menino estava estável, às 9h50, em observação, enquanto a menina foi transferida para uma unidade particular da região.
Júlia será velada às 14h e enterrada às 16h desta sexta no Cemitério de Maruí.