A argila, principal matéria-prima para a produção dos oleiros do polo cerâmico do Poty Velho, está prejudicada por conta das chuvas e das cheias dos rios Poti e Parnaíba. É neste cenário que os artesãos convivem, há alguns meses. As chuvas encheram as lagoas da região da zona Norte, de onde é extraído o barro, com isso artesãos elencam que a produção familiar e artesanal do bairro está prejudicada. Para Dona Raimunda Teixeira, que criou uma cooperativa de mulheres artesãs, a hora é de contabilizar as perdas financeiras.
"Tivemos uma queda na produção por conta das chuvas, que impossibilitou a retirada da argila da Lagoa dos Oleiros, que está alagada. Essa área fica atrás do Polo Cerâmico. Também tivemos outra queda na produção em relação à secagem das peças, onde no verão a secagem demora uma semana já no período chuvoso, por conta do tempo, chega a demorar um mês, e isso diminui a produção", relatou Raimunda.
O Poti Velho tornou-se espaço para que ‘artesãos do barro’ pudessem transformar argila ou o barro em esculturas, peças decorativas e inúmeros outros artefatos. As olarias correspondem a um local destinado à produção de objetos. Para o desenvolvimento da profissão, os oleiros contavam com argila de boa qualidade, água em abundância e a proximidade da área urbana, o que facilitava a venda. Além disso, o bairro é ponto turístico de encontro dos rios.
Hoje, a cooperativa tem aproximadamente 39 associados que trabalham diariamente no local. Além disso, 51 unidades de produção dos associados, que beneficiam 200 famílias, elaboram as criações em casa e apenas expõem a produção no equipamento.
Para 'driblar' o prejuízo, Raimunda Teixeira, cooperados e associados diversificaram a produção. "Tivemos que fazer uma estocagem da argila e criamos produtos mais baratos, que tenham uma saída muito grande no período chuvoso, que são os jarros de plantas, onde boa parte das pessoas quer fazer mudas, por nesse período pegar mais rápido. E vamos nessa linha, sem deixar de trabalhar com peças decorativas e com peças pequenas, onde o custo é menor, e é assim que temos uma saída", afirmou.
Contudo, a produtora reforça que a renda só não foi mais afetada porque possui uma clientela fiel."O povo de Teresina e do Piauí está sempre aqui comprando, que são nossos maiores compradores e trazem os turistas. E temos clientes lojistas em outros estados do Nordeste, que compram aqui. Se fôssemos vender só para o consumidor local, não teríamos o resultado em termos econômicos que temos hoje", disse.
O produtor Lucas Felipe, 22 anos, admite que com as chuvas registradas nesse período, a produção caiu. "A produção diminuiu muito, mesmo, porque devido às cheias das lagoas, não há como retirar o barro, e isso afeta nas vendas", lamenta.
O artesão conta que perdeu as melhores épocas para comercializar: "O melhor período de venda está nos meses de dezembro e janeiro, e sai de tudo um pouco, peças de jardins, peças de decoração", completa.