O ciclista David Santos Souza, que teve o braço amputado ao ser atropelado na avenida Paulista, vai ganhar uma prótese que vale mais de R$ 80 mil. O técnico em ortopedia Nelson Nole é proprietário de uma loja de próteses e vai doar um equipamento de alta tecnologia.
? Vamos colocar o que há de melhor para restabelecer a cidadania desse rapaz novamente. Nós vamos ajudar fazendo a prótese dele.
Nos próximos dias, um técnico em prótese vai até o hospital onde David está internado para fazer uma avaliação e saber qual o nível de amputação do braço do rapaz. A partir desta análise, uma prótese será confeccionada especialmente para ele. A alta tecnologia da peça vai possibilitar a ele até mesmo desenhar.
A mãe dele, Antônia Ferreria dos Santos, está impressionada com a força de vontade do filho.
? Ele não desistiu do sonho dele. Ele vai terminar o ensino médio e, no meio do ano, ele quer começar a fazer um curso técnico de segurança.
Em uma entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (13), ela disse que ?cabe a Deus? perdoar o motorista que atropelou seu filho. Segundo Antonia Ferreira Santos Sousa, o lado emocional do ciclista ?ainda está muito abalado?.
? Ele está fazendo o possível para seguir a vida em frente.
Por se tratar de crime de pequeno porte, como classifica o advogado da família, Ademar Gomes, a prisão preventiva dificilmente seria aceita, e Siwek provavelmente será julgado em liberdade.
? Prisão preventiva é uma exceção na Justiça. Eu recomendo que ele seja julgado em termos legais e que vá a juri popular.
O advogado observa que o perfil do acusado favorece o abrandamento da pena, que pode ser de até oito anos, para cinco. Mediante recursos, a defesa do motorista teria condições de livrá-lo da prisão e limitar a punição a trabalhos comunitários, por exemplo.
Dolo e conflito de competência
Na terça-feira (12), o juiz da 1ª Vara do Júri de São Paulo, Alberto Anderson Filho, entendeu que Siwek não deve responder por tentativa de homicídio, mas sim por lesão corporal. Com isso, o caso sai da alçada do Tribunal do Juri, cuja competência trata de flagrantes, e é encaminhado à Vara Criminal, que trata de crimes no trânsito, por exemplo.
O advogado explica que, agora, cabe ao MP (Ministério Público) de São Paulo definir se reapresenta a denúncia ou recorre ao Tribunal de Justiça.
Procurado pelo R7, o MP disse que a promotora de justiça substituta do 1º Tribunal do Juri, Dra. Manoella Guz, vai entrar com mandado de segurança ? ou seja, recorrer da decisão.
Ademar Gomes diz que a acusação insiste para que o caso seja julgado pelo Tribunal do Juri não pela possibilidade de prisão preventiva, mas sim porque entende que houve dolo (crime contra a vida), uma vez que o motorista estava embriagado e em alta velocidade zigue-zagueando na via.
Se a Vara Criminal interpretar que houve intenção de matar por parte do acusado, o caso de Souza cai em um conflito de competência, no qual a Justiça teria dificultades de definir qual competência julgará o caso.