A cidade de Cristais Paulista (a 400 km da capital) precisou fechar suas escolas, deixando mais de 2.000 alunos sem aulas devido à falta de água. No município de 10 mil habitantes, duas creches e três escolas estão sem funcionar, segundo a prefeitura. Hospitais, postos de saúde e outros órgão públicos ainda não foram prejudicados.
Segundo o secretário de Obras de Cristais Paulista, Moacir Almeida de Oliveira, a previsão é que as atividades escolares sejam retomadas apenas na próxima semana. Moacir explica que a captação de água da cidade era feita em nascentes, que estão completamente secas. Emergencialmente a cidade passou a buscar água com caminhões-pipa no Córrego do Carmo, localizado a 5 quilômetros da cidade.
Cristais Paulista emprestou cinco caminhões-pipa de municípios vizinhos, que transportam a água até duas represas, onde passa por tratamento antes de chegar à população. Com o racionamento oficial na cidade, moradores têm água nas torneiras em apenas três períodos do dia: entre 6h e 8h; de 12h a 13h30; e entre 18h e 20h30. A prefeitura já anunciou estado de emergência e a decretação de estado de calamidade pública está em análise.
Em outra cidade do interior paulista, Itu (a 100 km da capital), a situação também é crítica. Moradores sofrem com o desabastecimento desde fevereiro e alguns relatam ter ficado sem água nas torneiras por 15 dias. Ontem (21), a população, revoltada, fechou ruas e queimou pneus em protesto contra a falta de água.
Diversos municípios paulistas adotaram racionamento ou rodízio de forma oficial. Em Guarulhos, o rodízio, implantado em março, deixa a população um dia sem água, o outro com água. Em Bauru, os moradores têm água a cada 24 horas. Na cidade de Mauá, o revezamento ocorre de segunda-feira à sexta-feira, tendo um dia sem água a cada quatro dias com água.
Outras cidades com racionamento ou rodízio são Cruzeiro, Mirassol, Americana, Salto, Araras, Casa Branca, Barretos e São Sebastião da Grama. Na capital paulista, muitos moradores reclamam de falta de água em diversos bairros, mas a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) não admite que esteja ocorrendo racionamento. Hoje (21), o nível dos reservatórios do Sistema Cantareira, que abastece a cidade, caiu para 3,3%. Há um ano, o percentual era de 38,2%. A Agência Nacional de Águas já autorizou o uso da segunda cota da reserva técnica (volume morto) do Sistema Cantareira. Essa segunda cota acrescentará mais 106 bilhões de litros ao sistema.
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