Em um país onde o déficit habitacional é de 7,8 milhões de moradias, o setor imobiliário pensa em novas maneiras de morar. É o caso de “cidades” erguidas em áreas com grandes terrenos, unindo tecnologia, sustentabilidade e urbanismo. As informações são do O Globo.
O grupo inglês Planet Smart City, por exemplo, construiu em Laguna, Ceará (a 70km de Fortaleza), o que chama de “a primeira cidade inteligente inclusiva do mundo.” A etapa inicial com lotes e casas foi entregue em 2018 e há cem famílias morando no empreendimento — que terá capacidade para 25 mil pessoas.
A empresa lançou ainda projetos em Natal (RN), Aquiraz (Ceará) e em São Paulo. Os valores partem de R$ 45 mil (lotes), com casas custando a partir de R$ 114 mil.
— Quando se fala em cidade inteligente, as pessoas pensam que é voltado para a classe A, mas criamos algo com infraestrutura de alto padrão e tecnologia com preço acessível — afirma Susanna Marchionni, CEO no Brasil da Planet Smart City.
Sem pagamento de condomínio, a estrutura inclui academia ao ar livre, campo de futebol society, biblioteca, bicicletas compartilhadas, ateliê de costura, playground, hub de Inovação com wi-fi gratuito e aplicativo gratuito do bairro.
— Conseguimos negociar com grandes empresas a venda de produtos de moradores e, com esta comissão, financiamos os custos das áreas comuns. Estimulamos a entrada de lojas e empresas — explica Susanna.
De acordo com a CEO, o objetivo da empresa é implantar outras dez “smart cities” no Brasil em 2021.
Para Paulo Porto, professor da FGV, estes projetos de bairros/cidades, no Rio, caberiam em bairros da Zona Oeste como Santa Cruz e Campo Grande, que ainda têm abundância de terrenos:
— Mas isto dependeria de parceria entre construtoras e o governo municipal.
O conceito é fazer a economia girar na região, com geração de emprego na área.
— Essas iniciativas, embora sejam interessantes, não dão a estas localidades o status de cidade. São apenas núcleos/bairros/empreendimentos onde são oferecidas soluções diferenciadas — diz Mônica Salgado, do programa de pós-graduação em arquitetura da UFRJ.
Para Roberto Simon, CEO da empresa de arquitetura Archia Technology, antes de pensar em grandes projetos, os prefeitos deveriam construir uma cidade boa para o cidadão, com calçadas largas, árvores e ocupação:
— As grandes cidades são idealizadas para os carros, com avenidas cada vez maiores, enquanto as calçadas ficam cada vez menores. Um exemplo é o Porto Maravilha, região cheia de tecnologia, mas sem vida.