Cidade portuguesa amada pelos brasileiros começa pequenos eventos

Braga foi a terceira cidade na preferência de busca de imóveis por brasileiros na Imovirtual em 2020, atrás de Porto e Lisboa.

Guilherme Azevedo e Simxer Fernandes nas ruas de Braga, Portugal | Divulgação
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Considerada um novo eldorado desde antes da pandemia de Covid-19, Braga continua a atrair brasileiros, que celebram com cautela a volta gradual à rotina. A partir de hoje, será a segunda cidade da Península Ibérica, depois de Barcelona, a testar espetáculos culturais com grande público na reabertura da economia, diz a prefeitura.

Braga foi a terceira cidade na preferência de busca de imóveis por brasileiros na Imovirtual em 2020, atrás de Porto e Lisboa. A população brasileira passou de 2.596 para 9.295 na última década, um crescimento de 258%, de acordo com dados de 2020 do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Em 2018, o prefeito Ricardo Rio escreveu um artigo com o título: "Bem-vindos a Braguil".

Guitarrista do Rio de Janeiro habituado ao frio na espinha antes de tocar com a lenda Serguei, Guilherme Azevedo sente hoje o mesmo calafrio. E o show no estacionamento do Fórum Braga nem é de rock, mas um espetáculo de comédia do humorista Fernando Rocha para 400 pessoas, sentadas em lugares marcados neste primeiro evento teste da reabertura econômica em Portugal. 

Guilherme Azevedo e Simxer Fernandes nas ruas de Braga, Portugal | Arquivo pessoal

-É bem bacana poder acordar e pensar que posso ver um espetáculo de novo. Reconforta ver que a vida tá voltando ao normal - disse Azevedo, em Braga desde dezembro de 2019 e que irá ao evento com a mulher, a fotógrafa Simxer Fernandes.

A música voltará ao Fórum na sexta-feira com o concerto do cantor Pedro Abrunhosa. Será a primeira vez desde a retomada que 400 pessoas, devidamente distanciadas e em lugares marcados, poderão ficar de pé em um show em Portugal.

Os eventos têm a aprovação dos Ministérios da Saúde e da Cultura e servirão como testes para as novas diretrizes da Direção Geral de Saúde (DGS). A partir deles, será possível replicar as regras e padrões técnicos em outros grandes eventos ao ar livre, previstos na quarta fase do desconfinamento gradual, em 3 de maio.

A compra de ingresso foi condicionada ao agendamento de um teste rápido, que  pode ser feito no próprio local pela Cruz Vermelha entre 10h e 19h nos dias dos espetáculos. É obrigatório usar máscara e apresentar o resultado negativo para entrar no Fórum. Caso o teste seja positivo, o valor simbólico de €2 será reembolsado. Os eventos começam às 20h. 

- O que me motivou é que é um evento em lugar aberto e que exige teste para entrar. Paguei €4 pelos dois ingressos, mais barato que um teste rápido na farmácia - contou Azevedo, que trabalha online com a mulher na Foto Dicas Brasil.

Outro fator de motivação é a ausência de óbitos na cidade e o número baixo de casos diários, menor que uma centena. Na última terça-feira, a região bracarense completou 21 dias sem óbitos de Covid-19, segundo "O Minho". São 16.632 casos desde o início da pandemia, com 16.359 recuperados. Houve 200 óbitos.

Auxiliar de enfermagem no Hospital de Braga, Bruno Madeira, também carioca, atesta que o atendimento aos infectados de Covid-19 tem caído diariamente:

-As coisas andaram complicadas tempos atrás, mas os números caíram e Braga está melhor que outras cidades. Diríamos que é uma vida "normal" dentro desta nova realidade. Os cuidados continuam e vamos ver se os números continuam estáveis ou se teremos alguma piora. O fato de atualmente estar trabalhando na urgência do Hospital consegue me dar bem o retrato da real situação e, de fato, os números melhoraram bastante.

Portugal começou a semana sem registro de mortes por Covid-19, o que não acontecia desde agosto de 2020. Após controlar o surto no início deste ano, o governo avança para a retomada e os eventos em Braga podem ser um marco de esperança para o combalido setor cultural.

-É uma dádiva, estar num país que consegue lidar bem com isto. Vivi dentro da cultura e lamento a situação do Brasil, com amigos artistas desempregados, sem dinheiro e tendo que fazer outras coisas - lembrou Azevedo.

Há mais restrições para acessar o evento, permitido para pessoas de 18 a 65 anos fora dos grupos de risco. Não pode ter contraído Covid-19 nos últimos 90 dias nem ter tido contato com infectados nos últimos 14 dias.

Todo o público, funcionários, imprensa e demais colaboradores serão monitorados pela DGS após os eventos. O governo se comprometeu a reabrir o setor e começar a permitir shows ao vivo no verão. Mas tudo pode ser revertido se a pandemia sair do controle novamente. Os mega e tradicionais festivais internacionais, no entanto, já foram cancelados.

Mesmo com todas as medidas de prevenção e alívio pela ausência de óbitos, o carioca Cláudio Paula, que chegou a Braga em plena pandemia, em setembro de 2020, ainda não se sente seguro.

-Realmente, sem óbitos dá um alívio. Aqui em Braga, as coisas estão começando a ir para esta nova fase normal. Apesar da vida entrando nos eixos, ainda não estou animado para ir. Estou ainda cético sobre este “novo normal” sem ter, pelo menos, a vacinação dando uma cobertura - disse Paula, jornalista.

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