Há pouco mais de quatro meses, o aposentado Arnaldo Komesu, 69, descobriu que seu Corolla SEG 2006 era um dos 620 mil carros da Toyota vendidos no Brasil que estão na lista do megarrecall de airbags da Takata. O caso já é conhecido: por uma falha estrutural, o dispositivo "estoura" no momento da deflagração, arremessando estilhaços contra os passageiros. Nesta semana, a Toyota iniciou mais uma campanha relacionada ao problema, para 424.614 unidades.
Em 19 de junho, Komesu levou seu automóvel para uma concessionária da marca em Santo André (SP). Lá, funcionários desativaram a bolsa frontal do passageiro e colaram um adesivo de alerta no painel. A promessa era de que o problema seria definitivamente solucionado em até 60 dias. Não foi o que aconteceu.
"Passado o prazo, ninguém me procurou. Retornei em 28 de agosto e me pediram mais uma semana. Nada. Voltei a procurá-los em 8 de outubro, e aí admitiram que a fornecedora [Takata] estava atrasando a entrega das peças de reposição", explicou.
Sem saber quando terá o airbag funcionando de novo, Komesu se preocupa com a segurança. "Se acontecer algum acidente e alguém se machucar, o problema será de quem? Meu?", questionou.
Para piorar, uma insistente luz de alerta no quadro de instrumentos o relembra, todos os dias, que o dispositivo precisa de conserto.
De fato, o chamado que englobava o Corolla de Komesu, publicado em maio deste ano, indicava resolução total do problema num prazo de 60 dias. Neste último, o processo se repetiu: em uma primeira fase, os airbags serão apenas desativados, com a inclusão de decalque informativo no painel. Em uma segunda, prometida para começar em 23 de novembro, as peças defeituosas serão substituídas.
O caso de Diego Carnaval Coutinho, 29, é pior. Morador do Rio de Janeiro (RJ), o professor de educação física comprou um Honda Fit EX 2007 há cerca de seis meses, e descobriu pouco depois que a unidade fazia parte de dois recalls: um era para vedar uma infiltração nos interruptores dos vidros elétricos; o outro se referia às bolsas de segurança da Takata.
Há algumas semanas, Coutinho foi a uma autorizada da fabricante para comprar um acessório e lá, ao conversar com uma gerente, soube por acaso que as peças para consertar o airbag com defeito estão programadas para chegar em novembro.
Só a partir de então os mais de 830 mil veículos envolvidos no recall começarão a ser chamados para atendimento.