Teresina cresceu muito na última década. A verticalização e a evolução da cidade saltaram aos olhos. No substrato da cidade, muita coisa mudou também. No caso, mais precisamente nos últimos dois anos. A capital saltou para 60% a coleta e tratamento de esgoto.
Antes, o número oscilava em 19% de cobertura, quando hoje representa 31% do esgoto produzido em Teresina. No entanto, centenas de famílias ainda vivem em situação de vulnerabilidade endêmica por conta da baixa cobertura de esgotamento adequada. A região do Grande Dirceu é uma das mais problemáticas.
É o caso dos moradores do Residencial Frei Damião, zona Sudeste, que fica nas proximidades de onde hoje está a Águas de Teresina, concessionária de coleta e tratamento de esgoto. Este brota das casas como riachos malcheirosos, e as crianças convivem com um verdadeiro mix de doenças nas portas de casa. A população reclama e pede melhores condições.
“Os meninos adoecem muito. Eu tive que construir uma mureta para evitar que o esgoto invadisse minha casa. Porque quando chove ainda tem isso, o esgoto entra, mistura com a água da chuva e entra em casa”, revela Amarildo Mendes, que mora com a mulher e dois filhos em uma casa da região.
Mais à frente, mais vulnerabilidade. Crianças caminham descalças em meio ao esgoto e más condições sanitárias. “O esgoto passa na rua e fede muito. Aqui tem muita criança. Nós moradores, que às vezes temos que fazer limpeza, porque ninguém se incomoda”, acrescenta Adailton José Marques, que mora na região há mais de 10 anos.
90% de cobertura de esgoto em 10 anos
A baixa cobertura de esgoto de Teresina ainda é um problema grave. No entanto, a Águas de Teresina, empresa que assumiu a concessão do controle das águas e esgotos da capital em 2017, também selou o compromisso de transformar a realidade da capital. Até o momento o valor real de crescimento da cobertura foi de 12%.
Diego Dal Magro, diretor-executivo da Águas de Teresina, conta que será um longo caminho até a universalização da coleta e tratamento de esgoto na capital. “Nós tivemos várias ações dentro da cidade, mas o maior foco foi na região Centro-Norte. Bairros Alvorada e Aeroporto, com extensão para a região Norte da cidade. É importante lembrarmos que em 16 anos vamos chegar a 90% de cobertura”, contabiliza.
As obras serão em toda a cidade. “Vamos continuar na região Centro-Norte, indo para a região Centro-Sul, em direção ao Saci. Aí por diante, Sudeste, extremo Sul, continuidade da região Leste e extremo Norte. Mas, inicialmente, as maiores intervenções serão concentradas na região Centro-Norte”, completa Dal Magro.
Teresina vislumbra um rio Poti mais limpo a partir das intervenções da empresa em coleta e tratamento de esgoto. Os aguapés, bioindicadores de fósforo, diminuíram visualmente do leito do Poti.
“Quando falamos em ampliação de esgoto, falamos em saúde preventiva. Tanto a humana como a do meio ambiente. Reduzimos os indicadores de doenças de manipulação hídrica e também agressão ao meio ambiente, porque diminuímos o lançamento de esgotos irregulares, como no caso do rio Poti. Visualmente, a água está mais limpa. Recebemos esse retorno tanto da população como dos órgãos de meio ambiente”, ressalta o diretor-executivo. (L.A.)
Teresina investe R$ 480 milhões em saneamento
Dados divulgados pelo Instituto Trata Brasil mostram que Teresina precisa melhorar muito em saneamento básico. Os dados mostram o recorte do ano de 2017, que foi justamente o período em que a Águas de Teresina começou a operar como concessionária. Então, os dados servem como comparativo para hoje, onde foram investidos mais R$ 480 milhões em saneamento básico até o momento.
Segundo o levantamento, Teresina possuía uma cobertura de 76,30% de abastecimento d’água. Hoje, segundo a Águas de Teresina, esse número chega aos 100%. “Com exceção das chamadas invasões, hoje estamos com o serviço de abastecimento universalizado”, explica Diego Dal Magro, diretor-executivo da concessionária.
“Eles utilizam informações do Sistema Nacional de Informação de Saneamento. Eles sempre publicam com dois anos de defasagem, que é o tempo que recebem as informações e publicam. O cenário mudou muito de 2017 para cá. Investimos mais de R$ 480 milhões em saneamento, sendo que 60% do recurso foi para água e 40% para esgoto. Nossa prioridade era a universalização d’água”, acrescenta Diego.
Os investimentos estão acima da média nacional. “Fizemos a expansão de rede no Residencial Dilma Rousseff e Parque Vitória, além da regularização da distribuição. Isso teve ações em toda a cidade. Na região Sudeste, Norte da Santa Maria da Codipi, região Central e Sul”, lembra o diretor-executivo.
Em termos de abastecimento d’água, a empresa continua garantindo melhorias em estrutura de produção e distribuição do líquido essencial à vida. “Acabamos de lançar mais três grandes obras sequenciais. São duas adutoras, redes de grande transmissão, e ampliamos a Estação de Tratamento d’Água (ETA) da Santa Maria da Codipi”, finaliza o diretor-executivo. (L.A.)