Com 30 partos por dia, em média, a Maternidade Dona Evangelina Rosa é a unidade materno infantil referência em alta complexidade no Estado do Piauí. No entanto, é para lá que chegam a maioria dos casos de risco habitual, ou seja, que deveriam ser atendidas nos municípios ou nas maternidades de Teresina. O número elevado de pacientes superlota a unidade, o que prejudica os atendimentos mais graves.
A melhoria no atendimento no pré-natal, com um bom acompanhamento e o quantitativo mínimo de consultas à gestante, é uma das estratégias para reduzir os partos de alto risco e a mortalidade neonatal. De acordo com o diretor geral, Francisco Macedo, é necessário que os municípios intensifiquem os cuidados com as gestantes. “Ou fazemos uma ação conjunta entre o Estado, o município de Teresina e os do interior, ou o problema não será resolvido”, explica.
Dados levantados pelo Núcleo de Epidemiologia da Maternidade projetam uma redução de 40% na mortalidade neonatal, quando comparado os meses de abril e maio. No período de janeiro a abril de 2017, foram 126 óbitos, sendo que um terço desses bebês foram considerados, usando a terminologia científica, inviáveis: prematuros com peso abaixo de 500g, anacéfalos, caridopatas ou com má formações.
Para reverter esses indicadores, a Maternidade já fez o reforço na equipe profissional, com a contratação de 174 em diversas áreas de atuação, como neonatologista, obstetra, enfermeiros e técnicos em Enfermagem. Aliado à intensificação do trabalho da equipe de fisioterapia, tanto no Centro Cirúrgico como na UTI Neonatal.
O controle de infecções hospitalares é outra ação impactante. Feito pela Comissão Interna de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), a Maternidade registrou, no último ano, a redução global de hemoculturas positivas nas Unidades Neonatais e uma redução das bactérias bionegativas (mais agressivas, associadas a óbitos). Em agosto do ano passado a média de hemoculturas positivas em recém-nascidos era de 80 / mês. Esse número atualmente varia entre 40 a 50/ mês, dados que mostram uma queda entre 30% e 40% no número de infecções na Evangelina Rosa.
Outras ações emergenciais estão sendo realizadas para atender de forma satisfatória a demanda da Maternidade. Está prevista para este mês de maio, a entrega de 10 novos leitos da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Além disso, a reforma da Admissão e na Ala Administrativa já foi autorizada pelo secretário de Estado da Saúde, Florentino Neto. Esses espaços darão lugar a novos leitos, salas de repouso e estabilização, com previsão de 52 novos leitos.
Um importante avanço, que teve impacto direto na assistência à mulher, foi a implantação, ainda no ano passado, da Casa da Gestante, Puérpera e Bebês, com capacidade em atender simultaneamente 20 mulheres, que precisam de cuidados especiais, mas sem a necessidade de internação.
“Há ações, por parte da Maternidade, da Secretaria, para atender a demanda materno, de acolher as gestantes de médio e alto risco gestacional. A Maternidade, com sua equipe profissional, vem realizando diversas ações, como é observado, mas o envolvimento dos municípios, na Atenção Primária, será a verdadeira solução para a melhoria no atendimento à gestante”, afirma Macedo.
Essa também foi a solução apontada pelo Fórum Interinstitucional Permanente de Saúde, em audiência na semana passada, onde participam Secretaria de Estado da Saúde, Ministério Público, Conselho Regional de Medicina, Secretaria Municipal de Saúde de Teresina e Maternidade Dona Evangelina Rosa.