Na propriedade dos Lazzari, a única coisa que sobrou inteira após o tornado foi o ônibus da banda da família. Na tempestade, a agricultora Irene Lazzari, de 86 anos, foi arrastada pelo vento e morreu. Em luto, a família, que mora em Guaraciaba (SC), agora vive dentro do ônibus e ainda abriga vizinhos.
A cidade de cerca de 10 mil habitantes foi a mais prejudicada pelo tornado da última segunda-feira (7) e registrou quatro mortes. Dados da Defesa Civil indicam que 90% da população foi atingida. A prefeitura decretou calamidade pública na terça-feira (8). "São duas dores. A dor da perda de tudo que nós tínhamos e a dor da perda da vó", conta Nilva Lazzari, de 58 anos, nora de Irene.
"Esse ônibus foi nossa salvação. Foi a única coisa que não voou", conta. A família perdeu tudo. "Estamos sem ordenhadeira. Meu resfriador, a água está no rio. Foi uma destruição total. Não sei como é que vai ser de agora em diante", diz Nilva. Seu marido, Ivo, diz que o momento da passagem do tornado foi inexplicável. "É difícil de contar. Foi terrível, uma coisa incrível. Foi como uma bomba atômica, tudo subia e descia, voava. Daí quando descia, chupava no redemoinho. Coisa inexplicável, nunca vi", afirma. A família diz que foi levantada pelo vento dentro de casa.
"Nunca pensei passar por isso. Nossa santinha está ainda aqui. Eu me agarrei nela e disse "salva nossa família".", conta Nilva. Quando o tornado passou, a propriedade estava destruída. "Estava tudo em silêncio, não se escutava nada. Daí começaram os gritos", conta Nilva. "Começamos a socorrer as pessoas e procurar a vó. Foram duas horas para encontrar, mas ela já tinha morrido", relata.