O lavador de carros Gilberto Araújo, 41 anos, nunca imaginou que a sua rotina iria mudar completamente depois de chegar na casa de seus familiares e perceber que todos estariam velando um suposto corpo, que a família acreditava ser seu. O caso aconteceu na segunda-feira (22) em Alagoinhas, distante cerca 100 km de Salvador.
?De segunda pra cá foi uma agonia. É o dia todo falando com televisão, rádio, revista. Já estou cansado desse negócio. Eu não consigo dormir mais. Estou exausto?, relata Gilberto. O caso foi divulgado por jornais internacionais na quarta-feira (24). ?Pra mim está sendo maravilhoso tudo isso. Não é nem pela fama, mas por Jesus ter me enviado e mostrado que tem muito amor e carinho?, completa.
A família do lavador de carros reconheceu por engano o corpo de um outro rapaz no Departamento de Polícia Técnica (DPT) da cidade.
Gilberto estava na casa da namorada quando soube através de um amigo que a sua família estaria "velando seu corpo". De acordo com ele, a fama causada pelo reconhecimento já rendeu uma proposta para trabalhar com carteira assinada. ?Aqui vai ter uma fábrica nova de cerveja e minha vaga já está garantida. Ela [fama] beneficia muitas coisas. Não é que eu esteja me aproveitando, mas consertando algumas coisas que estavam erradas?, disse.
O lavador de carros afirmou que os comentários das pessoas nas ruas também não incomodam. ?Tem a "chacotazinha" na rua. Quando eu passo as pessoas dizem: ?Ó o morto-vivo?. Mas eu não me importo. Se tá acontecendo isso é porque é uma obra de Deus. Outros falam mal, dizem que a gente está se achando. Mas eu não pedi isso a ninguém?, relatou.
Segundo Gilberto, a experiência de ?quase morte? serviu para mostrar o quanto sua família o ama. ?Eu estou gostando do carinho que minha família está me tratando. Eu aprendi essa palavra ?amor? agora. É uma coisa que estava faltando. É amor demais. Não há dinheiro que pague?, diz o lavador, que decidiu morar com a família, pelo menos, "até que tudo se acalme".