A inauguração do Templo de Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), na noite desta quinta-feira, no bairro do Brás, em São Paulo, teve queda de energia elétrica por quatro vezes antes do culto inaugural. Umas das quedas ocorreu bem na hora da chegada da presidente Dilma Rousseff ao local. O vice-presidente Michel Temer também esteve presente. Segundo a assessoria de imprensa da Universal, 11 governadores confirmaram presença, além de prefeitos, parlamentares, desembargadores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello.
O líder da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), o bispo Edir Macedo, foi o último a subir no altar na noite na inauguração do Templo de Salomão, nesta quinta-feira (31) em São Paulo.
Em frente à presidente Dilma Rousseff (PT) e ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), o bispo deu um recado aos governantes ao afirmar que "só orando" é possível ter acesso à segurança e à saúde.
Antes de Macedo, o bispo Rogério Formigoni também cutucou os políticos presentes ao falar sobre o combate às drogas.
Formigoni, que se declarou um ex-viciado em crack e responsável por cultos em que combate o vício, disse que o governo "investe tanto em tratamentos que não dão certo", enquanto a religião oferece a cura.
Apesar de Macedo anunciar que Dilma faria um pronunciamento, e da instalação de um púlpito em frente ao templo a pedido do Planalto, a presidente não quis falar com a imprensa.
Enquanto estava fora do palco, Macedo acompanhou o início da cerimônia sentado na primeira fila, ao lado da presidente.
Além da presidente e do governador, também estavam presentes o vice Michel Temer (PMDB), o prefeito Fernando Haddad (PT), o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), entre outras autoridades.
Artistas da Rede Record, como os apresentadores Brito Júnior e Ticiane Pinheiro, também estavam no salão com capacidade para 10 mil pessoas.
Líderes da IURD utilizaram indumentária judaica na inauguração
A avenida Celso Garcia, endereço do novo complexo religioso, teve uma das faixas bloqueadas e cobertas por um tapete vermelho para a passagem da arca da aliança, um símbolo do antigo testamento, carregada por seis homens vestidos com togas.
Vídeos com a história bíblica do povo judeu, da história de Jesus, do protestantismo e da fundação da IURD em 1977, por Macedo, foram projetados na fachada do prédio.
Macedo e os outros pastores que conduziram a cerimônia subiram ao altar cobertos por indumentárias judaicas: o talit, uma espécie de xale sagrado, e o quipá, um pequeno chapéu, sobre a cabeça.
Ambos os adereços são comuns à fé judaica, assim como os candelabros que adornam as paredes internas do templo. Cantores, uma orquestra e um coral africano também participaram da cerimônia.
Fiéis da Universal atrapalhavam passagem de curiosos
Um paredão com centenas de fiéis da Universal, todos de mãos dadas e camisetas brancas com a estampa do templo em dourado, controlava o acesso de pedestres e de carros nas ruas no entorno.
Nesta quinta, fiéis foram escalados para "deixar a chegada das autoridades mais bonita", segundo relatos deles próprios.
Todos ficavam bem encostados na guia da avenida Celso Garcia e de ruas transversais, impedindo a visão de milhares de curiosos que tentavam fazer uma foto do templo ou ver famosos chegando para a cerimônia.
O objetivo era deixar a rua livre para a chegada dos convidados ilustres, muitos deles em carros oficiais ou deixados por motoristas particulares bem na entrada da igreja. O trânsito ficou caótico em toda a região da igreja por quase quatro horas, das 16 às 20h.
Agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) também ficaram indignados com o controle que os integrantes da igreja tentavam fazer das pessoas e dos carros.
Mesmo diante da reclamação de pedestres, de jornalistas, dos agentes da CET e até de soldados da Polícia Militar, os fiéis permaneciam mudos e de mãos dadas, cumprindo a função de bloquear o trânsito de não convidados nos arredores.
"Eu controlo o trânsito, sim", respondeu à reportagem um fiel que impedia funcionários que saíam do trabalho de atravessar a faixa de pedestre da avenida Celso Garcia, mesmo com o sinal verde para a travessia.
"Nós estamos trabalhando para Deus, não é para a igreja", respondeu outra senhora, com a camiseta do templo, que não deixava os carros passarem na rua João Monteiro, na lateral do megatemplo.