A população do município de Barras, que fica a 122 km da capital Teresina, vive um problema frequente que tem se tornado uma questão de saúde pública. A venda e comercialização de produtos impróprios para o consumo na maior rede atacadista da cidade, o Comercial Carvalho, que já está presente na região há cerca de 20 anos.
Na última terça-feira, dia 19, em mais uma diligência da Vigilância Sanitária do Município de Barras, os fiscais realizaram uma apreensão de 200kg de carnes estragadas na filial do Comercial Carvalho do município. A péssima notícia, e que demonstra de forma preocupante a gravidade da situação, é que esta apreensão de produtos estragados não é pontual.
Em todas as fiscalizações realizadas pelos fiscais sanitários, como revela o veterinário da Secretaria Municipal de Saúde de Barras lotado na Vigilância Sanitária do Município, Álvaro Luís Carcará, são encontradas irregularidades no estabelecimento citado, sendo que o Comercial Carvalho é o maior ponto de compras da população de Barras.
?Em todas as nossas fiscalizações, que são realizadas frequentemente em todos os estabelecimentos comerciais do município, encontramos irregularidades no Comercial Carvalho. São produtos estragados, carnes, frangos podres e impróprios para o consumo humano. O que observamos é que, embora haja as fiscalizações, há um descaso por parte do grupo para resolver o problema?, destaca o veterinário.
A apreensão desses produtos estragados englobavam cerca de 48 kg de carne de gado, 68 kg de frango congelado, 30 kg de peito de frango, 40 kg de camarão, 27 unidades de 800g de posta de peixe congelado, 06 caixas de carne de hambúrguer, 49 kg de frango resfriado do Carvalho, e 01 kg de filé de peixe, tudo isso em estado avançado de podridão e que, inclusive já exalava um forte odor, conforme dados presentes nos autos da Vigilância Sanitária de Barras.
De acordo com informações repassadas pelo morador de Barras, Hélcio Araújo, que também é radialista no município há mais de 20 anos e que esteve de perto acompanhando a denúncia, as reclamações da população são frequentes por parte do descaso do grupo com os produtos oferecidos aos consumidores.
?Nós vemos que o material que está acondicionado na câmara frigorífica e também nas ilhas, sendo comercializadas aos clientes não tem nenhum tipo de critério, chega mesmo a feder. E as carnes vencidas ficam junto das frescas gerando um foco enorme de contaminação?, pontua Hélcio Araújo.
Ele explica que na manhã desta quarta-feira, dia 20 de março, procurou a gerência do supermercado no município para checar as denúncias e foi informado que o material recolhido havia sido incinerado, mas que a sua presença para verificar as condições da câmara frigorífica não foi permitida.
?O gerente do Comercial Carvalho de Barras, Júnior Moura, conversou comigo e eles colocam a culpa nas constantes quedas de energia da Eletrobras no município, mas a gente sabe que não se justifica porque eles possuem um gerador próprio. Eu e toda a população vemos tudo mesmo como um grande descaso do grupo que não tem o interesse de comprar uma câmara frigorífica adequada já que a deles hoje é velha e obsoleta e não atende mais às reais necessidades?, afirma o radialista.
O veterinário da Vigilância Sanitária de Barras, confirma a denúncia de que a câmara frigorífica do supermercado apresenta vazamentos, a porta está com defeito e a mesma não passa por manutenção adequada. Além disso, produtos vencidos que deveriam estar em um departamento de avarias são depositados na câmara frigorífica de forma inadequada
?Tudo isso acarreta que ela não funciona em perfeito estado e embora não tenhamos poder de polícia, nem de multar o estabelecimento, tão breve sejam encontrados novos problemas como este agora iremos reportar todo o descaso para com as relações de consumo ao Ministério Público através de denúncias formalizadas junto ao Promotor de Justiça do Município de Barras. Pra se ter uma ideia da situação, até uma caixa de marimbondos já encontramos dentro da câmara frigorífica do Carvalho de Barras?, finaliza.
O gerente de marketing do Grupo Carvalho, Felinto Rezende, foi procurado por telefone pela nossa reportagem e não pode nos atender no momento. Deixamos nossos telefones e informamos sobre os motivos do nosso contato para um posicionamento oficial do Grupo sobre o assunto, mas não obtivemos resposta até o fechamento desta edição. (M.R.)