Faltam três meses para a edição 2022 do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e ouvimos professores que elencaram dez possíveis apostas de temas para a redação. Confira os assuntos sugeridos aos estudantes que vão prestar a prova nos dias 13 e 20 de novembro. As informações são do Portal R7.
Thiago Braga, professor de redação e autor do Sistema de Ensino pH, sugere três temas para este ano. O primeiro, desafios do sistema carcerário brasileiro porque "o Brasil tem uma das maiores populações carcerária, ocupando a 3ª posição no ranking mundial, e um sistema pouco eficiente no que se refere a preparar para uma ressocialização, de garantir a segurança e os direitos humanos dos presidiários", diz. “Dois problemas muito comuns, nesse contexto, são as facções criminosas atuando dentro das prisões e a pouca disponibilidade de oferecimento de educação para os cidadãos presos. Então, essa é uma discussão pertinente, por ser interesse da sociedade uma reinserção e um cuidado na ressocialização, algo que, infelizmente, não acontece."
Em segundo, Braga sugere o tema: influência dos youtubers e influenciadores sobre os jovens e os adolescentes. A onda de influenciadores muda os hábitos de consumo da sociedade e faz com que as pessoas tenham comportamentos conduzidos e moldados por eles. Segundo Braga, da mesma forma que podem fazer o bem, os influenciadores digitais podem também reforçar estereótipos e padrões de beleza e de comportamento, gerando mais insegurança na sociedade. “Esse é um tópico que toca bastante a juventude. Seria interessante se fosse discutido no Enem, porque promoveria uma reflexão feita pelos próprios jovens sobre o papel desses ícones virtuais e o impacto que exercem em suas vidas.”
A terceira dica diz respeito sobre Preconceito linguístico. “Uma bandeira do Enem desde quando a prova começou é o tema do preconceito linguístico, do uso da língua como elemento hierarquizador, da valorização de determinados falares brasileiros em detrimento de outros. Esse também é um ponto a ser considerado no sentido de conscientizar os jovens brasileiros de que qualquer produção de fala dentro do país tem valor”, pontua Braga. Como o preconceito linguístico é um assunto que aparece na prova de linguagens com frequência e é relevante para o Enem, o professor sugere que o assunto fique no radar os estudantes.
Vinícius Oliveira é professor de língua portuguesa, literatura e redação, do canal ProfViniOliveira no Youtube, ele também atingiu a pontuação nota mil na edição 2016 do Enem. Para esta edição, ela aposta na discussão sobre formação educacional da pessoa com autismo no Brasil. "Esse tema é relevante porque o Inep amplia a acessibilidade do Enem para que as pessoas com autismo tenham condições de realizar o exame. Faz sentido que o órgão coloque essa discussão em pauta, como fez com os surdos em 2017", sugere.
Outro tema sugerido por Oliveira são alternativas para estimular a doação de sangue entre os brasileiros. "Com a pandemia, o número de doadores de sangue (que já era precário) caiu drasticamente. É comum que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) coloque temas capazes de conscientizar a população sobre problemas sociais. Por isso, é importante que o estudante esteja preparado para falar sobre os baixos estoques dos hemocentros", explica.
Para Jéssica Vasconcelos Dorta, professora de Português e Redação do Colégio e Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante de Campinas (SP), um tema recente é o da "mulher da casa abandonada". "Muitos acompanhavam os desdobramentos da operação em casa, pela televisão ou pelas redes sociais, ou mesmo em frente ao casarão. E podemos pensar em uma abordagem relacionada ao carcere privado", indica.
Felipe Leal, professor do Curso Anglo, finaliza com quatro sugestões de possíveis temas: evasão e abandono escolar. "O direito a educação é um dever do estado, além de garantir o ingresso e permanência do estudante na escola. Foi durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19 que notamos o abandono escolar, quando o aluno não volta a se matricular. Essas causas estão ligadas as questões sociais como queda de renda, desemprego e trabalho na adolescência. São temas importantes que apontam para o estudo sobre o direito da educação no país", diz.
Para Leal, as questões ligadas a Insegurança alimentar são reflexos da crise econômica dos últimos anos. "O valor da renda do cidadão diminuiu, a inflação sobe e tudo isso com as taxas de desemprego. Quando falamos em alimentação é sobre direito básico a vida com qualidade mínima necessário para o desenvolvimento do ser humano", relata.
Turismo sustentável, de acordo com Leal, é um tema que pode surgir nas questões relacionada a queda do turismo, por conta da pandemia, além disso, vale pensar em caminhos alternativos para o desenvolvimento que não agridam o meio ambiente. "Estamos falando de um turismo realmente sustentável por meio de estudos sérios e não apenas voltados ao marketing. Poderíamos, por exemplo, em pensar em como a renda deste turismo poderia ser usada para a preservação do meio ambiente", esclarece.
Por fim, o saneamento básico "é um problema cronico do país em que boa parte da população não tem acesso a esgotos e estrutura e isso é algo muito grave, pois estamos falando sobre direito a saúde e condições ambientais", comenta o educador.