Conheça o apresentador acusado de matar em busca de audiência

Conheça a história de Wallace Souza, o apresentador acusado de matar em busca de audiência que virou série da Netflix

Wallace Souza | Divulgação
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Nascido no estado do Amazonas, teve outros irmãos, Carlos Souza e Fausto Souza. Wallace Souza ingressou na Polícia Civil em Manaus, em 1979. Foi expulso da corporação em 1987 após ser flagrado desviando combustível da própria polícia. Depois da expulsão da corporação, iniciou na política em 1996, como candidato a vereador de Manaus, obteve 898 votos e não foi eleito.

Ingressou na TV com o Canal Livre na TV Rio Negro (hoje TV Bandeirantes Amazonas) em 1996. O programa mudou de emissora e foi para TV Manaus (hoje TV Em Tempo) com o novo nome Programa Canal Livre. Ao lado dos irmãos, comandava o programa com casos policiais, mostrando assassinatos, sequestros e operações de repreensão ao tráfico. 

Wallace Souza, afirmava estar a serviço da população e era considerado um herói por parte dos moradores da periferia da cidade.

Em 1998 se candidatou a deputado estadual no estado do Amazonas e obteve 51.181 votos pelo PL e foi eleito.

Wallace Souza

Associação criminal

Em 2008, o ex-policial militar Moacir Jorge Pereira da Costa, conhecido como "Moa", denunciou que Wallace Souza e seu filho, Raphael Souza, comandavam quadrilha de esquadrão da morte e crime organizado no Amazonas. Em depoimento à polícia, diz que ao menos um assassinato foi cometido de acordo com determinação do deputado e gravado pela equipe de seu programa.

O ex-policial militar Moacir Jorge da Costa, o “Moa”, está preso desde 2008 cumprindo pena por outras condenações

No dia 25 de abril de 2009, a Polícia Civil, que investigava desde 2008 as suspeitas de associação ao tráfico e até assassinato de traficantes adversários para exibição no programa de TV, entra na casa do parlamentar e apreenderam grande quantidade de dinheiro e ouro, além de armas e munição.

O filho, Raphael Souza, assumiu ser dono do material e recebeu voz de prisão. A operação foi muito tumultuada, pois Wallace e os irmãos Carlos e Fausto Souza, ao chegarem ao local, tentaram impedir a ação da polícia.

Wallace Souza era investigado pelos crimes de formação de quadrilha, tráfico de drogas, ameaça a testemunhas e porte ilegal de armas. O trio dos irmãos foi logo acusado de associação ao tráfico, mandar matar traficantes adversários apenas para mostrar no programa de TV para aumentar a audiência e liderarem o crime organizado no Amazonas.

Em julho, por determinação do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), Wallace Souza seria investigado por formação de quadrilha, associação ao tráfico de drogas, porte ilegal de armas e determinar a execução de crimes para que fossem exibidos no programa Canal Livre.

Em 2 de agosto, o programa Fantástico, da Rede Globo, através da reportagem feita da afiliada TV Amazonas, mostrou as graves denúncias (comparando ao "Caso Motosserra" do político no Acre Hildebrando Pascoal), com o nome do "Caso Wallace", tornando o caso conhecido mundialmente.

Cassação

No dia 1º de outubro de 2009, a Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) iniciou a sessão de cassação do mandato de Wallace Souza. Vestido de branco e com uma Bíblia nas mãos, Wallace chorou em plena ALE, recebendo o apoio apenas do deputado Wilson Lisboa, presidente da sessão.

Em votação secreta, 16 deputados votaram a favor da perda de mandato. O placar marcou quatro votos contra e três abstenções.

Após o resultado da cassação, Wallace Souza passou mal e foi levado em uma maca a uma audiência na ALE-AM.

Prisão e Morte

Sem foro privilegiado por ter o mandato cassado, Wallace teve a prisão preventiva decretada no dia 5 de outubro, por associação ao tráfico. Após quatro dias foragido, Wallace se entregou à polícia, em 9 de outubro.

Mesmo sem ter curso superior, Wallace foi levado para uma cela especial no 1º Batalhão da Polícia de Choque, localizado no km 17 da AM 010. A polícia temia pela segurança do acusado.

Wallace Souza morreu às 16h do dia 27 de julho de 2010 após sofrer uma parada cardíaca.

Em razão de sua morte, foram suspensos os processos penais contra ele, todos em fase inicial à época. Mas as investigações contra os outros acusados de integrar a organização criminosa prosseguiram.

Raphael Souza, o filho mais velho, foi condenado a nove anos de prisão pela morte de um homem acusado de ligação com tráfico de drogas em Manaus, em janeiro de 2007. Ele também foi condenado por associação para o tráfico e porte ilegal de arma de uso restrito. Hoje, ele cumpre as penas em regime aberto.

Raphael Souza recebeu a pena de 9 anos pelo homicídio de Cleomir Pereira Bernardino

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