No Afeganistão, é costume as mulheres serem forçadas a manter seus nomes em segredo por diversas etapas de sua vida. No país, ainda é comum que nem na própria lápide, ao morrer, pareça seu nome e nem mesmo no atestado de óbito. No entanto, um movimento de mulheres surgiu nas redes sociais como objetivo de reverter esse contexto, que se arrasta por anos e décadas, que é a campanha "WhereIsMyName" (Onde está meu nome?).
Um reportagem da Folha de São Paulo denota bem a sede de mudança no movimento através de Laleh Osmany, moradora da cidade de Herat, que se transformou no lema "WhereIsMyName", que seria uma mobilização para a recuperação do que ela caracteriza como o "direito mais básico". Em depoimento à BBC, ela revelou que o objetivo do levante é questionar e provocar uma discussão em torno da negação de suas identidades. Segundo ela, a campanha está um passo mais perto de seu objetivo de convencer o governo afegão a registrar os nomes da mãe e do pai nas certidões de nascimento.
Atualmente já existe o apoio no Parlamento para que o assunto seja debatido mais a fundo. Até alguns famosos, como o músico Farhad Darya e a cantora Aryana Sayeed, já apoiam a campanha "WhereIsMyName?" desde seu surgimento.
Usar publicamente o nome de uma mulher é desencorajado e pode até ser considerado um insulto em muitas partes do Afeganistão, segundo a reportagem da Folha. Os homens ainda relutam em mencionar abertamente os nomes de suas irmãs, esposas ou mães porque isso é considerado vergonhoso e desonroso. As mulheres são conhecidas apenas como mãe, filha ou irmã do homem mais velho da família. Pela lei, apenas o nome do pai deve ser registrado em uma certidão de nascimento.
Por quase 20 anos, desde a queda do regime taleban, grupos nacionais e internacionais tentam reforçar de novo a presença das mulheres na vida pública. Porém, a realidade é que mulheres chegam a ser agredidas no país se disseram seus nomes a, por exemplo, médicos.