Com o intuito de realizar um estudo com registros fotográficos e levantar um alerta para a atual situação dos rios Parnaíba e Poti, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Piauí (Crea-PI) realizou, ontem (22), uma Expedição Náutica no cais de um tradicional clube de Teresina. O estudo faz parte da programação do Ciclo de Debates sobre a Água, que acontece durante a semana em alusão ao Dia Mundial da Água, que ocorreu no último domingo.
A expedição passou por toda a margem do rio Parnaíba, onde os estudiosos puderam constar as inúmeras irregularidades e o descaso ambiental, como canais que despejam esgoto de casas e estabelecimentos diretamente no afluente. Além do assoreamento causado pela falta de mata ciliar, que fazem os rios ficarem cada vez mais rasos. As imagens serão analisadas e entregues em um relatório com soluções às autoridades responsáveis.
O presidente da instituição, Paulo Roberto de Oliveira, afirma que os relatórios serão destinados à Prefeitura de Teresina, ao Governo do Estado e a Agespisa, que é diretamente responsável pelo tratamento de esgoto. Segundo ele, a situação dos rios é crítica por conta da poluição e, principalmente, da seca, problema que poderá piorar se nada for feito.
“O principal problema é a falta de água. Estamos no final do mês de março e em 25 anos é a primeira vez que vejo o rio nessa situação nesta época do ano. Até para navegarmos fica complicado. As chuvas não contribuíram e o consumo de água está além da precipitação. À medida que a quantidade de habitantes cresce, o consumo de água também, entretanto, é o mesmo volume que temos disponível. Ou seja, está tendo mais utilização da água do que a reposição natural”, revela.
Para o presidente da Fundação Rio Parnaíba (FURPA) e conselheiro titular do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), professor Francisco Soares, é preciso implementar em caráter de urgência o programa de revitalização dos rios, onde será feito o tratamento correto do esgotamento sanitário, o reflorestamento da área para combater a erosão e o peixamento do rio.
“Estamos articulando para que o programa de revitalização saia do papel, pois as nossas ações isoladas não estão surtindo efeito para conseguirmos salvar o rio. É competência do governo dar condições para salvarmos a bacia do rio. Somente para o [rio] Parnaíba precisaremos de, no mínimo, R$ 300 milhões em um prazo de mais de 10 anos para recuperar a nossa bacia”, declara.
Foto: Victor Gabriel