Setenta e um por cento dos consumidores brasileiros esperam promoções e saldões para adquirir produtos de maior valor, como eletrodomésticos, móveis, celulares, eletrônicos e automóveis, com preços mais em conta. Os dados são da pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira sobre práticas de consumo, divulgada nesta terça-feira (14) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a pesquisa, o percentual daqueles que diziam aguardar saldões para fazer as compras era 64%, em 2013, ante os 71% de 2019.
Entre os brasileiros com renda familiar de até um salário mínimo, 78% costumam buscar informações sobre garantia e serviços de pós-venda. O percentual diminui à medida que a renda familiar cresce – 69% dos brasileiros de famílias que recebem mais de cinco salários mínimos têm o hábito de pesquisar por esses aspectos antes da compra do item de maior valor.
Na avaliação da CNI, uma possível explicação para o maior interesse das pessoas de renda mais baixa é que elas demoram mais para trocar bens de maior valor. Portanto, se importam mais com os serviços de pós-venda, a fim de garantir que as peças estarão disponíveis durante a vida útil do produto e que haverá mão de obra qualificada para fazer os reparos necessários.
Os números apontam ainda que a quantidade de consumidores que se importa com a garantia e os serviços de pós-venda aumentou de 65%, em 2013, para 74%, em 2019. Os consumidores de renda mais baixa se interessam mais pela garantia e pelos serviços de pós-venda dos bens de maior valor.
Para o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da da entidade, Renato da Fonseca, "Isso mostra toda uma mudança que vem afetando a indústria. Não adianta só entregar o produto, é preciso entregar o serviço do produto. E esse produto tem que funcionar por mais tempo".
Na avaliação de Renato, com a crise econômica, essa questão ficou ainda mais importante porque os consumidores com dificuldade de renovar o produto estão ainda mais preocupados com a manutenção, com o conserto, com esse serviço. "Essa deve ser uma preocupação que precisa estar à frente das indústrias.O consumidor está mais exigente na qualidade e no preço do produto", disse.