A valorização é algo almejado por todas as áreas profissionais, mas ela nem sempre é alcançada. No caso dos taxistas que atuam no Terminal Rodoviário de Teresina Lucídio Portela, isso sempre foi uma reivindicação, que só foi superada com a criação de uma cooperativa, mais conhecida como Cootatero.
Um total de 64 taxistas saíram da informalidade e fazem parte da cooperativa. Criada em maio de 2014, a Cootatero revolucionou o trabalho dos taxistas, aumentando os lucros e fidelizando os clientes. Para melhorar ainda mais o trabalho dos profissionais, ela aposta na qualificação dos cooperados e na inclusão de novas tecnologias para fazer o diferencial no mercado de trabalho.
Todo o desenvolvimento alcançado foi possível por meio de um trabalho em equipe proporcionado pela cooperativa, sempre orientado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). A Sescoop engloba todas as atividades de desenvolvimento profissional para fomentar uma postura de antecipação às necessidades do mercado, para dirigentes, gerentes, técnicos e cooperados.
Agora, os taxistas fazem parte de uma empresa formalizada e desfrutam de todos os benefícios de um CNPJ, podendo, assim, alavancar o negócio. “Conseguimos avançar em vários aspectos, como a profissionalização, aumento de clientes e valorização do nosso trabalho. Antes da cooperativa estávamos atrasados”, comenta o diretor-geral de fiscalização da Cootatero, Jenison Lopes Leal.
Em menos de 1 ano, a Cootatero alcançou título de Utilidade Pública no âmbito municipal e possui sistema de rádio em motéis de Teresina e em pontos estratégicos de grande fluxo, como shoppings. “Quem tem os melhores pontos, tem as melhores corridas, e cooperação é o que garante que todos sejam beneficiados”, frisa o diretor.
Os cooperados atendem toda Teresina através do telefone 3218 1176. Os carros têm um padrão, com taxímetro visível aos clientes. Francisco Ribeiro é o taxista mais antigo, que atende no Terminal Rodoviário de Teresina. Aos 80 anos, ele afirma que sentiu a diferença após a criação da cooperativa. “Mudou a carga horária, aumentou o número de passageiros e a nossa segurança, e somos mais valorizados”, disse.
Atualmente, os profissionais associados à cooperativa fazem uma programação de eventos e escalas de plantão.
Além dos 64 cooperados, outros 80 taxistas atuam dentro da cooperativa como segundo operador. Com este número de profissionais, a demanda está sendo suprida, mas a intenção da cooperativa é expandir os serviços para a zona Sul de Teresina e ampliar o número de cooperados.
“Para eles fazerem parte da cooperativa têm que seguir todas as normas do estatuto. Depois eles são acompanhados pelo Conselho de Administração e Ética da cooperativa”, explica o diretor de fiscalização. Além disso, quando um cooperado não consegue atender a demanda, ele é substituído por outro. “Um outro profissional passa a fazer parte e, depois de 5 anos, ele está apto a participar das decisões da cooperativa”, acrescenta Jenison Leal.
Uso de aplicativo deve otimizar atendimento
Com a oferta de aplicativos para encontrar táxi sem muita preocupação e de maneira rápida, o benefício para clientes e taxistas é evidente. É acreditando nisso que a Cootatero vai investir em tecnologia para atrair mais clientes e expandir o serviço. “Nossa ideia é adotar medidas tecnológicas para otimizar nosso trabalho”, relata Jenison Leal.
A cooperativa possui um serviço de atendimento aos clientes através do telefone, que nem sempre é realizado com sucesso. O diretor explica que existem casos em que o cliente é prejudicado pela demora do taxista chegar ao seu encontro. “Ele liga e pede um táxi, só que este demora a chegar e pode acabar prejudicando, caso o cliente tenha compromisso marcado”, fala o diretor ao ressaltar que com o aplicativo isso não vai mais acontecer.
A ideia compartilhada pelos cooperados é o uso do aplicativo “Pede Aí”, lançado pela empresa Teletáxi, em que a pessoa baixa o aplicativo, dá seus dados e já pode pedir o táxi da Cootatero pelo smartphone. “Com o aplicativo, a pessoa tem a opção de pedir o táxi que estiver mais próximo dela e não vai ter que esperar muito. O cliente também poderá acompanhar em tempo real o trajeto do táxi até ele”, completa.
Além do aplicativo, o sistema de pagamento através de cartão de crédito está em processo de implantação na cooperativa. “O cliente é nossa prioridade e sempre buscamos oferecer o melhor a ele. Hoje não tem como trabalhar deixando de lado a tecnologia, é preciso avançar, otimizar o nosso tempo e apresentar vantagens para o cliente que escolhe os táxis da Cootatero em seu deslocamento”, finaliza Jenison.
Curso de inglês qualifica cooperados
O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Piauí oferece uma série de capacitações aos taxistas da Cootatero, com foco no atendimento de excelência aos passageiros. Como os cooperados trabalham em um cartão postal de Teresina, o Terminal Rodoviário, eles estão sendo beneficiados com curso de inglês, para que possam atender melhor os turistas estrangeiros.
O curso, a exemplo dos demais eventos do sistema cooperativista piauiense, é gratuito e as aulas acontecem uma vez na semana. “Temos um total de 25 taxistas participando do curso. Quando essa turma encerrar, outra será formada, até que todos tenham conhecimento sobre este outro idioma”, frisa o diretor.
João de Deus Veras, há 18 anos trabalhando como taxista, participa das capacitações e já sabe bem como lidar com os clientes. “Temos que cumprir normas da cooperativa, como sempre manter os carros em ordem e, principalmente, respeitar os passageiros”, relata o taxista ao elencar todos os cuidados que devem existir com o cliente.
“Temos primeiro que cumprimentá-lo com bom dia, boa tarde ou boa noite; pegar bagagem (caso tenha); criar uma proximidade com ele; e deixá-lo em seu destino com segurança. Na madrugada, por exemplo, o taxista deve esperar o cliente entrar em casa antes de sair, garantindo um pouco de segurança”, completa.
O taxista ainda reforça que muita coisa mudou depois da cooperativa. “Ganhamos mais respeito e nos tornamos mais profissionais. Quando precisamos da cooperativa ela está pronta para atender nossas reivindicações”, disse.
Função de segundo operador amplia oferta de emprego
Os cooperados trabalham 24h e folgam no dia seguinte. Alguns oferecem seus serviços como segundo operadores.
Estes são profissionais contratados para dirigirem o carro de outro proprietário, enquanto o mesmo está de folga.
Segundo o diretor geral de fiscalização, Jenison Lopes Leal, esta modalidade aumenta a oferta de emprego para estes profissionais.
João de Deus Veras chegou à cooperativa como segundo operador e hoje já tem seu próprio carro. “Fui trabalhando e hoje faço as corridas no meu próprio veículo. Esta é uma oportunidade de crescer e alcançar os objetivos”, comenta.
O funcionário que trabalha como segundo operador recebe 40% do apurado do dia, ou seja, das 24h em que trabalhou. Edmilson Machado Coelho dirige há 30 anos, dez destes somente na rodoviária. Hoje ele atua na cooperativa como segundo operador e quer se manter nesta função. “Trabalhamos por porcentagem e é vantajoso para mim”, conta ele.
Após o plantão de 24h, Edmilson devolve o carro abastecido e como ele pegou no início do serviço. “Quando finaliza o plantão eu abasteço, tiro o valor que usei para alimentação e do total restante fico com 40%”, comenta.