O coração de D. Pedro I, que Portugal decidiu emprestar ao Brasil para a comemoração dos 200 anos da Independência, vai sair da cidade portuguesa do Porto na noite de domingo (21). A relíquia chega a Brasília na segunda-feira (22), em um traslado que desagradou muitos cientistas.
"O coração do nosso D. Pedro será recebido com honras de chefe de Estado, com salvas de canhão e escoltado pelos Dragões da Independência, ficará fora cerca de 20 dias, mas vai regressar com mais reconhecimento e admiração por parte do povo brasileiro", afirmou o presidente da prefeitura local, Rui Moreira.
O órgão vai para o Palácio do Itamaraty e fica em exibição até as comemorações do bicentenário. A viagem de volta para a cidade do Porto está marcada para o dia seguinte, 8 de setembro.
EXPOSIÇÃO INÉDITA
Mesmo com as controvérsias, a viagem do coração também vai garantir uma oportunidade inédita para que a população da cidade do Porto veja o coração de perto.
Foi construída uma vitrine especial, com proteção para o caso de quedas. A montagem da instalação levou em conta a altura média de brasileiros e portugueses, e o coração vai ficar posicionado como se estivesse no lugar correto dentro de um corpo humano.
REAÇÕES CONTRÁRIAS
Para a arqueóloga e historiadora brasileira Valdirene Ambiel, a viagem é um desrespeito à memória de D. Pedro I e pode ser instrumentalizada como propaganda política.
“Eu, como cidadã brasileira, no momento complicado do nosso país, inclusive para nós da área científica, que temos cortes muito grandes de pesquisa há muitos anos, não vejo razão para que haja gasto de dinheiro público com esse transporte. Acredito que se nós tivéssemos mais investimento não apenas na ciência, mas principalmente na educação de base, seria fundamental e inclusive uma homenagem a D. Pedro, que foi quem reconheceu a profissão e professor nesse país”, disse