O coronel da reserva da PM Luiz Nakaharada morreu na noite de sábado (14), em sua casa em Pirituba, em São Paulo. O oficial foi um dos comandantes da invasão ao complexo do Carandiru, em 1992, que terminou na morte de 111 presos.
Nakaharada era acusado de matar cinco dos mais de 70 detentos assassinados no terceiro pavimento do Pavilhão 9. Ele foi reconhecido por sobreviventes. Por esses crimes, o coronel seria julgado sozinho, ao contrário de outros réus do caso conhecido popularmente como massacre do Carandiru. A data ainda não estava definida, mas deveria ocorrer no ano que vem.
Segundo sua advogada, Ieda Ribeiro de Souza, o coronel tinha problemas cardíacos e sofreu um infarto por volta das 22h30. O velório acontecia na manhã deste domingo (15), no Cemitério Gethsêmani. O enterro está marcado para as 16h.
DEPOIMENTOS
Devido à quantidade de acusados (103), o processo foi desmembrado em quatro júris, usando como critério o número de policiais que entraram armados nos andares e a quantidade de detentos mortos nesses respectivos pavimentos.
No primeiro julgamento, ocorrido em abril, os jurados condenaram 23 policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) a 156 anos de prisão em regime fechado por 13 mortes no segundo pavimento. Eles vão recorrer em liberdade. Outros três réus foram absolvidos e mais duas vítimas foram ignoradas da acusação por não haver comprovação de quem as matou.
Em 3 de agosto, 25 policiais foram condenados por 52 mortes que ocorreram no terceiro pavimento. A pena somada para cada um deles chegou a 624 anos de prisão. A sentença foi lida pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo na madrugada do dia 3 de agosto, um sábado. "Houve inequívoco abuso de poder", disse o juiz.
Previsão
O Tribunal de Justiça de São Paulo definiu as datas dos terceiro e quarto julgamentos. No dia 17 de fevereiro de 2014 irão a júri popular os policiais acusados pelas mortes de oito detentos que ocorreram no quarto pavimento do Pavilhão 9 do presídio. Em 17 de março de 2014 será a vez dos policiais que estariam envolvidos na morte de outros 10 presos no quinto pavimento do mesmo prédio.
De acordo com a assessoria do TJ, os dois julgamentos serão realizados no plenário 10 do Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital, a partir das 9h. Em 2 de outubro de 1992, policiais militares invadiram o Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, no Carandiru, na Zona Norte de São Paulo, para tentar acabar com uma rebelião que teve origem após uma briga de facções rivais. Como resultado da ação, 111 detentos foram mortos.
Além da Rota, participaram da ação no Carandiru integrantes do Comando de Operações Especiais (COE) e Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate). Para qualquer um dos réus, a defesa será a mesma, segundo a advogada de todos eles, Ieda Ribeiro de Souza. Negam o crime, alegam que agiram por legítima defesa e por isso são inocentes. A acusação rebate: trata o caso como homicídio doloso, quando há a intenção de matar.
Ubiratan Guimarães, comandante da operação, demorou quase cinco anos para que o TJ julgasse a condenação de 632 anos do júri em 2001. Em 2006, sua defesa entrou com recurso no Órgão Especial do TJ e ele acabou absolvido e a pena foi anulada. Apesar disso, foi assassinado no mesmo ano. A autoria do crime não foi esclarecida.