O corpo do policial federal Lucas Soares Dantas Valença, de 36 anos, conhecido como "hipster da Federal", é velado, nesta sexta-feira (4), no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, em Brasília. Ele morreu ao tentar entrar em uma casa em Buritinópolis, no nordeste de Goiás, na noite de quarta-feira (2).
Amigos, familiares e colegas de corporação de Lucas se reúnem na cerimônia fúnebre. Veículos da Polícia Federal fizeram um cortejo em homenagem ao agente.
"Lucas era uma pessoa do coração bom, pacato e do bem. Sempre disponível e fazendo as coisas pelos outros", comentou Virgínia Bravim, uma amiga do agente federal durante o velório.
Ela contou ainda que conversou com Lucas antes do recesso de carnaval e que ele afirmou estar bem. "Não imaginava que isso fosse acontecer", afirmou.
Francilma Mendonça foi aluna de Lucas em curso de instrutor de armamento e disse que o colega vai fazer falta. "Para a gente, foi uma surpresa. Ele era muito da paz e tranquilo", lamentou.
Um colega de trabalho de Lucas, que se identificou apenas como João, descreveu o agente como uma "pessoa excepcional". "Era muito prestativo, um profissional excelente. Sempre alto astral".
O "hipster da Federal" ficou conhecido após escoltar o então deputado cassado Eduardo Cunha, em Brasília, em 2016. Fotos do agente repercutiram nas redes sociais e, em seguida, surgiu o apelido.
Dias depois, o policial publicou um vídeo e disse que ficou surpreso com a repercussão. Lucas nasceu em Posse, no nordeste de Goiás, e trabalhava na PF em Brasília.
O agente entrou na corporação em 2014 e chegou a integrar o Comando de Operações Táticas (COT). Antes, ele fez parte da Polícia Militar do Distrito Federal.
'Surto psicótico'
Familiares e amigos relataram à Polícia Militar que o policial estava em surto psicótico desde o dia anterior à morte, conforme o boletim de ocorrência. Lucas Valença teria gritado do lado de fora dizendo que "havia um demônio" na residência, antes da invasão.
Diante da escuridão e com medo, o morador atirou no policial com uma espingarda. A bala atingiu a barriga, segundo a ocorrência. Ele alegou à polícia que agiu em legítima defesa.
"Como as circunstâncias do fato indicam que o autor agiu em legítima defesa, estava dentro da sua casa e defendendo a família, optamos por continuar as investigações somente por meio de inquérito", esclareceu o delegado.
No interior da casa estavam o dono, a esposa e a filha do casal de 3 anos. O morador contou à polícia que ouviu barulhos de gente em volta da sua residência e uma gritaria com diversos xingamentos. Foi quando a vítima desligou o disjuntor de energia que fica fora da casa e arrombou a porta da sala.
O dono da casa relatou que atirou em direção do invasor, mas que até então não sabia quem era. Após religar o disjuntor de energia, ele viu a vítima baleada e chamou a polícia e a ambulância.
Ainda segundo a ocorrência, a ambulância chegou a ir ao local, mas o policial já estava morto.
O Instituto de Criminalística da Polícia Civil esteve na chácara para fazer a perícia da cena do crime. O Instituto Médico Legal (IML) de Posse recolheu o corpo para fazer o exame cadavérico, que vai apontar as causas da morte.
Nesta quinta (3), a advogada de Lucas, Sindd Lopes, disse que o agente fazia tratamento contra depressão e que ele viajou a Goiás para comemorar o aniversário do irmão. "Ele estava fazendo terapia, foi o primeiro surto que ele teve", afirmou.