Os dois corpos localizados na manhã do sábado (8) pela Aeronáutica de ocupantes do Airbus da Air France que desapareceu na noite do último dia 31 no trajeto entre o Rio de Janeiro e Paris devem chegar neste domingo (7) a Fernando de Noronha, transportados pelo navio fragata Constituição.
Os corpos recolhidos estão no navio, mas só devem chegar à tarde à base militar em Fernando de Noronha, porque a embarcação navega a uma velocidade lenta de 24 nós, ou seja, 40 km/h.
O navio vai ficar a uma distância de 300 quilômetros da ilha para que o helicóptero da FAB que está estacionado no aeroporto possa decolar e ir até o local recolher os corpos e o material e levar para a ilha.
Neste sábado, houve preparação para receber os corpos. Duas câmeras frigoríficas chegaram ao arquipélago. Cinco peritos da Polícia Federal também, e devem começar a trabalhar assim que o helicóptero pousar em Fernando Noronha. Esses corpos serão catalogados, pré-identificados e depois encaminhados ao IML do Recife.
Além disso, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) trouxe mantimentos para as equipes e combustível para as aeronaves.
Os corpos dependerão da identificação por DNA para que sejam devolvidos a seus familiares.
Para encontrar mais corpos, a Marinha ampliou a frota de embarcações que está à procura de novos vestígios do avião.
PARTES DA ASA
Na noite do sábado, o tenente-coronel aviador Henry Wilson Munhoz Wender, do Centro de Comunicação da Aeronáutica, disse que, além dos dois corpos, foi encontrada uma parte da asa da aeronave e assentos do Airbus.
"Além de dois corpos, vários destroços [foram encontrados], assentos do avião, bem como partes da asa e diversos outros itens localizados ao longo do dia", declarou em entrevista no início da noite deste sábado.
Munhoz afirmou que as buscas vão continuar, ininterruptamente. O procedimento, segundo ele, será o mesmo adotado desde o início da manhã do sábado, quando foram encontrados dois corpos: saída incial do avião R-99, aeronave dotada de radar e capaz de localizar objetos sobre a superfície do mar; na sequência, seguem voos de outras aeronaves para reconhecimento visual e posterior acionamento de navios no mar para possível resgate de corpos.
ETAPAS DE BUSCA
Segundo a Aeronáutica, a área de buscas já soma mais de 200 mil km quadrados (pouco maior que a do estado do Paraná) e será ampliada a cada nova evidência de corpos ou assentos.
De acordo com Munhoz, as partes da asa e assentos foram encontrados em um novo sobrevoo da aeronave R-99, às 11h39. No primeiro sobrevoo, entre 5h e 6h, o R-99 identificou o ponto onde estavam os dois corpos e outros destroços.
"Às 11h39, o R-99 da Força Aérea Brasileira decolou de Fernando de Noronha para continuar a varredura eletrônica e captou, durante a tarde, diversos objetos a oeste da área de onde os corpos foram retirados. Como previsto, as aeronaves de busca visual decolaram em seguida para esclarecer estes pontos. Por volta das 16h um C-130 da FAB avistou outros locais com possíveis destroços", informou nota da Aeronáutica.
O tenente-coronel Munhoz afirmou que detalhes sobre tudo o que a operação encontrar serão revelados unicamente aos familiares das vítimas.
?Nossa operação visa busca de sobreviventes, corpos e destroços, nessa seqüência de prioridades. Todos os detalhes em relação aos itens coletados serão divulgados aos familiares e somente aos familiares. O planejamento de deslocamento desses corpos será informado aos familiares e nesse momento não será divulgado à imprensa", declarou.
PRIORIDADE: OUTROS CORPOS
A Marinha informou que, a partir dos resultados das buscas neste sábado, a prioridade é encontrar corpos de vítimas do acidente com o avião da Air France, desaparecido desde o último dia 31.
"A prioridade é encontrar corpos e depois os destroços. Vale ressaltar que a cada achado isso se traduz na ampliação da área de buscas", afirmou o capitão-de-fragata Giucemar Barbosa Cardoso, chefe do centro de comunicação da Marinha.
O ACIDENTE
O Airbus da Air France transportava 228 pessoas de 32 nacionalidades, entre passageiros e tripulantes na noite do último dia 31.
O voo, de número 447, deixou o Rio de Janeiro às 19h30 (horário de Brasília) e fez o último contato de voz às 22h33. Às 22h48, o avião saiu da cobertura do radar de Fernando de Noronha. De acordo com investigadores franceses, em um intervalo de quatro minutos, o avião emitiu 24 mensagens automáticas com sinais de anomalias no voo, das quais 14 entre 23h10 e 23h11.