O sábado de Zé Pereira em Teresina tem um significado especial para a história do carnaval da cidade: é dia de corso. Muito além de um desfile de caminhões decorados, o evento mostra a alegria e irreverência da população numa festa que a cada ano se adapta ao folião. Para essa edição, o evento conta com novidades, que além da premiação dos carros, conta com um concurso de fantasias e palcos espalhados pela avenida, garantindo que não falte trilha sonora para a brincadeira. O evento será realizado neste sábado (23) com inicio às 16h, na Avenida Raul Lopes.
Promovido pela Prefeitura de Teresina, por meio da Fundação Monsenhor Chaves, o evento já foi consagrado como o maior do planeta, segundo o livro Guinnes Book, em 2012, registrando a marca de 343 veículos decorados no desfile, número que consta na publicação até hoje.
Para esse ano, a premiação para os caminhões será de R$ 30 mil, dividida em três categorias: R$ 10mil para o mais animado; R$10mil para o mais criativo e R$10 mil para o mais original. A concentração dos veículos será na Raul Lopes, nas proximidades do setor de esportes da UFPI, e seguirá pela via até o balão do Riverside, onde acontece a dispersão.
Se moldando ao perfil do folião, garantindo que a festa seja democrática, o Corso terá um repertório que vai do axé e músicas tradicionais a samba, pagode e música eletrônica. Serão 12 bandas animando toda a avenida, de forma sincronizada, em quatro palcos. “Os palcos estarão virados para o lado onde o caminhão não irá passar, evitando que fique uma espécie de ‘vácuo musical’ após a passagem dos caminhões. É uma forma de garantir que a animação não tenha pausa”, explica o presidente da Fundação Monsenhor Chaves, Luis Carlos Alves, destacando que as apresentações serão de artistas piauienses.
Os quatro palcos temáticos ao longo da Avenida Raul Lopes irão homenagear uma personalidade carnavalesca da cidade. O primeiro presta homenagem ao compositor My Brother, no segundo a homenagem será para a atriz Lari Salles, o terceiro ao músico Mestre Colombo, e o último será a coreógrafa Samantha Menina.
FANTASIAS
Outra novidade para essa edição é o concurso de fantasias, no qual os inscritos irão concorrer à premiação de R$ 1.000. O concurso acontece de forma virtual. Nas duas entradas do corredor da folia estarão estandes oficiais da Prefeitura de Teresina, onde quem estiver fantasiado poderá tirar fotos. Para concorrer, o folião deve publicar a foto em seu Instagram e marcar o perfil da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves (@cultura_the) com a tag #fantasiacorso2019.
A comissão julgadora irá escolher as 30 fantasias mais criativas, que serão publicadas no perfil da FMC, e as 10 fantasias mais curtidas até as 12h do dia 25 de fevereiro irão ganhar a premiação de mil reais. “A ideia é incentivar a irreverência dos foliões, que é algo marcante em todas as edições do corso”, destaca o presidente da FMC, Luis Carlos.
SEGURANÇA
A cada edição do Corso, um dos pontos que sempre passa por melhorias é a segurança, se tornando ainda um dos eventos mais seguros da capital devido ao intenso trabalho das Polícias Militar, Civil, Guarda Municipal e um plano de segurança reforçado de tecnologia com monitoramento dos foliões e patrulhamento, sem contar com o principal: a vontade do folião em curtir a festa sem surpresas desagradáveis. Para se ter uma ideia, na última edição, não foi registrada ocorrência grave durante o evento, que reuniu milhares de pessoas na Raul Lopes.
Neste ano, o evento contará com 639 policiais distribuídos em três turnos, além de elevados, câmeras, drones, cavalaria, 180 agentes disponibilizados pela Secretaria de Segurança, 60 policiais civis. Ele contará com 13 pontos de bloqueios, com cerca de 12 policiais cada, onde os mesmo farão a revista de todo folião que deseja passar para o corredor da folia. "Acreditamos que esse ano será melhor que ano passado, principalmente a revista, que será realizada em todos os foliões nos pontos de bloqueios", afirmou Coronel Canuto.
TRÂNSITO
Outro ponto que passa por adaptações a cada edição é o trânsito. Para 2019, o trajeto sofreu mudanças para garantir melhor mobilidade da população, sendo interditada somente a Avenida Raul Lopes, que dá acesso ao evento, que contará com 117 agentes de trânsito. A interdição será a partir das 14h, do dia 23.
Para o diretor de Operações e Fiscalização da Superintendência de Transportes e Trânsito (Strans), Jaime Oliveira, não há necessidade para fechar pontes e vias que são correntes de travessia entre zonas. "Esse ano a Ponte Estaiada ficará aberta, sendo interditada somente a alça que dá acesso a avenida Raul Lopes. Fora isso, a concentração de caminhões será feita na própria avenida pensando em não atrapalhar o fluxo de carros na cidade", ressaltou.
HISTÓRIA
Quando se fala em corso de Teresina, hoje se pensa muito em uma multidão de carros e pessoas fantasiadas desfilando alegria. A multidão é de se perder de vista, mas nem sempre foi assim. O maior corso do planeta, segundo o Guinnes, iniciou de uma forma bem diferente, em tom de protesto e com uma bela crítica social à elite da cidade na época, há cerca de 80 anos.
A história do corso se funde muito com a própria história do carnaval de Teresina, que teve momentos gloriosos nas décadas de 1950 e 1960 e passou por uma revitalização no final da década de 1980.
O coordenador de Cultura Popular da Fundação Monsenhor Chaves, Wellington Sampaio, explica que na década de 1930 começaram os primeiros desfiles de carros no carnaval, mas que foi nas décadas de 1950 e 1960 que a festa virou tradição. “Eu era criança e lembro que meu pai tocava no corso. Inicialmente o ponto central era no coreto da Praça Rio Branco. Depois, os grupos de familiares e amigos passaram a desfilar pelas ruas do Centro da cidade. Um dos destaques era o caminhão das raparigas, em que as garotas de programa da época vestiam suas melhores roupas e eram aplaudidas pela sociedade, em uma espécie de inclusão social que só o carnaval tornava possível acontecer”, detalha.
Segundo Wellington, nessa época o corso acontecia nos dias do carnaval. No entanto, a festa não conseguiu ter continuidade por causa da concorrência com outras manifestações carnavalescas. “Nesse tempo surgiram as escolas de samba e os blocos carnavalescos, que acabaram esvaziando o corso, que acabou deixando de acontecer”, afirma.
E por muito tempo o corso permaneceu esquecido, voltando somente no final dos anos 90, com a retomada do carnaval de rua, na primeira gestão do prefeito Firmino Filho. Em 1997, durante o Seminário de Resgate do Carnaval de Teresina, o então superintendente da FMC , José Afonso de Araújo Lima, sugeriu a volta do corso, que agora seria realizado no sábado de Zé Pereira.
A ideia vingou e, em 1998, o carnaval da capital foi resgatado com o desfile das escolas de samba, tendo também a realização do corso, com um percurso que passava pelo Centro, zona Sul e zona Norte. Nos anos seguintes, o trajeto teve várias alterações e a premiação dos melhores caminhões era feita através de votação popular.
A partir de 2008 o evento começou a se tornar o gigante que é hoje, tanto que a Prefeitura começou a ter problemas na condução do percurso e teve que fazer adaptações. “Lembro que nesse ano nós iríamos encerrar o desfile na Praça do Marquês, mas percebemos que o corso estava grande demais e não teria como dispersar lá. Então tivemos que percorrer mais vias da zona Norte para organizar a saída”, explica Wellington.
Confira as atrações dos palcos:
Palco Músicas Carnavalescas
16h - Banda de Marchinha;
18h - Banda Folia;
20h - Roraima e Theregroove;
Palco Samba e Pagode
16h - Sambatom;
18h - Júnior é Show;
20h - Doce Ilusão;
Palco Axé
16h - Lene Groove;
18h - Lilly Araújo;
20h - Júnior Masca "GPS";
Música Eletrônica
Dj Leuzz;
Dj Mateus Moura;
Dj Marceleleco;
Dj Dani Jales;
Dj Sands