A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Público de Teresina, deu início às oitivas nesta terça-feira (18) na Câmara Municipal. Os primeiros a serem ouvidos foram os representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Rodoviário (Sintetro). A CPI tem como objetivo identificar possíveis irregularidades nos contratos e na prestação dos serviços na capital.
Em seu depoimento, o presidente do Sintetro, Ajuri Dias, revelou que os problemas se intensificaram em março de 2020, com o início da pandemia. Pelo menos 60% dos trabalhadores da categoria foram demitidos no período de crise.
“Antes da pandemia havia um acordo para o reajuste do salário, mas não foi cumprido, pelo contrário, reduziram e pararam de pagar. Cerca de 60% dos trabalhadores foram demitidos e os que ficaram têm problemas psicológicos, adoecem e precisam de ajuda para se alimentar”, explicou.
De acordo com Ajuri Dias, em nenhum momento o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) mostrou interesse em dialogar e entrar em um acordo, assim como a nova gestão da prefeitura. “A cada dia que passa a situação piora e não temos perspectiva de melhoria, portanto esperamos que a CPI encontre uma solução”, pontuou.
O contrato de licitação e supostas manobras ilícitas do Setut também foram pautas de discussão. “O quantitativo previsto era de 419 ônibus em circulação e hoje existem apenas 180 ônibus na ativa na capital, o que cai nas costas do usuário, que paga caro por uma passagem e não usufrui de um serviço de qualidade. Ainda falamos sobre o fato de que trabalhadores foram levados a assinar um documento afirmando o recebimento dos salários, mas ao receber, o valor era menor do que o acordado. Outra manobra é o não fornecimento de combustível. São questões graves confirmadas pelo presidente do Sintetro e que vamos investigar a fundo”, afirmou o vereador Dudu Borges (PT), que preside a CPI.
Ainda segundo o presidente da CPI, os trabalhadores são a parte mais fragilizada e precisam ser priorizados. “Os trabalhadores sempre procuraram esta casa com um pedido de socorro e agora puderam detalhar cada dificuldade. Como podemos ver, a situação deles é muito difícil, estão há mais de um ano sem salários, sem ticket alimentação e plano de saúde. Os trabalhadores são massacrados e o Setut sequer dialoga com essas pessoas que estão passando fome. A partir daqui vamos dar celeridade nas apurações e respostas ágeis ao povo”, disse Dudu.
Além dos trabalhadores, também foi ouvido um perito que presta serviços à Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) e que foi responsável por acompanhar os processos judiciais envolvendo o município e o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut). Na próxima oitiva, que será realizada na quinta-feira (20), devem ser ouvidos os empresários e representantes das concessionárias que prestam o serviço de transporte público em Teresina.