A cada dia que passa, o centro de Teresina vai ficando intrafegável. As vias permanecem iguais e o fluxo de veículos aumenta a cada ano. O resultado disso é a falta de espaços para estacionar.
Em vias como as ruas David Caldas e 24 de Janeiro, nas imediações de uma escola particular, estresse e trânsito tornam-se sinônimos e a demora é inevitável.
E a tendência é que o problema do trânsito complique mais ainda nos próximos anos, se não for tomada nenhuma medida. De 2010 a 2012, o número de carros que passaram a circular em Teresina aumentou 119%.
Nos últimos dois anos, uma média de 10 mil veículos entraram em circulação na cidade. Se essa média se confirmar nos próximos anos, em 2017 é possível que Teresina tenha pelo menos 200 mil carros nas ruas da cidade.
Em determinados momentos, motoristas reclamam que passam mais de cinco minutos para percorrer dois quarteirões. ?É muito engarrafamento. Tem vez que anda ligeiro, mas outras demora de 10 a 15 minutos para andar um percurso pequeno?, conta o taxista José Silvestre que tem diariamente um teste de paciência no centro da cidade.
Em algumas ruas como a Rui Barbosa, o estacionamento em via pública já se tornou proibido, o que aumenta ainda mais a aglomeração de carros em outras vias.
Quem não pretende tirar do bolso em média R$3 a cada hora para guardar o veículo em estacionamentos privativos tem apenas duas opções: ou estaciona em locais inapropriados, como calçadas e até mesmo do lado esquerdo, ou procura vias com espaço em locais mais distantes do centro.
Os estacionamentos têm lucro certo, mas nem mesmo os existentes conseguem mais atender a demanda de veículos.
Embora uma boa parte do público consumidor tenha fugido do centro e aderido aos shoppings da capital, o centro ainda é uma grande alternativa, até mesmo pela variedade de lojas e serviços.
Mas se o centro continuar como está, e com o aumento constante de veículos circulando, o centro da cidade não vai suportar. A reorganização do trânsito é uma necessidade urgente na cidade, perpassando sobretudo pela reestruturação da própria parte física, como explica o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Teresina, Luis Antônio Veloso.
?Em todo lugar do mundo isso é uma necessidade. Na cidade de São Francisco (EUA), que tem mais carros que o Brasil inteiro, a gente não vê tanta carência de locais para estacionar pois já possuem edificações que dispõem de estacionamentos.
Além disso, o sistema de transporte eficiente não exige que todo mundo tire seu carro da garagem?, explica Luis Antônio Veloso.
Construção de novos estacionamentos é necessidade
Iniciativas desse tipo já são vistas em outras zonas da cidade, sobretudo na Leste. Prédios comerciais já incorporaram esse modelo de estacionamento compatível com a realidade de espaços. Mas no centro, essa iniciativa parece ainda estar só no desejo dos consumidores.
Alberto Silva mora em Brasília, mas é teresinense e conhece bem a realidade do trânsito nas duas cidades. De acordo com ele, a iniciativa de construir estacionamentos subterrâneos é uma proposta que pode resolver
?Em Brasília tem um projeto de fazer na área da Esplanada dos Ministérios estacionamentos subterrâneos. Essa é uma tendência natural. O espaço físico da cidade continua o mesmo e o número de veículos aumentando?, conta.
Segundo o presidente do Sindilojas, a carência já vem sendo sentida pelos comerciantes e até sugere alternativas para o trânsito.
?Tem várias praças no centro que poderiam ser usadas para fazer um estacionamento subterrâneo. Cabe perfeitamente e vai ficar na mesma altura que está, sem nenhuma alteração?, pontua.
Estacionamentos verticais são caros
Se os estacionamentos subterrâneos são uma alternativa, a falta de espaços também dá a possibilidade para a construção de edifícios-garagem.
No entanto, segundo o empresário e engenheiro José Leopoldino Dantas, a construção desses prédios barra principalmente em um fator: o custo-benefício.
Embora a estrutura para um prédio desse tipo dependa apenas de fundação, pilares, lajes e rampa, o custo mínimo para a construção de um edifício-garagem de seis andares não seria inferior a R$ 2 milhões, ou seja, bastante elevado para empresários que pretendem investimentos a curto prazo.
Apesar de ser uma alternativa, ele considera pequena a possibilidade disso acontecer, de imediato.
"Tem que ter viabilidade. Ele investe em torno de R$ 2 milhões e ele tem que ter a garantia futura de que o investimento que ele fez terá um retorno.
Hoje em dia, prédios antigos são derrubados e lá constroem os estacionamentos. Tem alguns que chegam a lucrar R$ 20 mil por mês porque o custo é muito pequeno", explica.