Criança chora após ser alvo de racismo e mãe grava vídeo

No vídeo, a mãe refuta com contundência a razão daquelas lágrimas.

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O racismo é parte tão profunda da relações sociais e de classe no Brasil, que é possível reconhecer suas sua presença até mesmo em relações das mais puras, como entre duas crianças amigas.

O vídeo publicado pela mãe Sandri Sá mostra exatamente como nasce e se afirma tanto os padrões racistas como o sentimento de exclusão e a ferida na auto estima daqueles que sofrem com o racismo e a ignorância alheia. O vídeo mostra o choro da filha de Sandri depois que uma amiga lhe disse que seu cabelo “pra cima” era feio.

No vídeo, a mãe refuta com contundência a razão daquelas lágrimas, lembrando à filha sua beleza e o erro da amiga. Além do vídeo, no entanto, Sandri também publicou um texto, pelo qual aprofunda um pouco no exemplo que o vídeo ilustra sobre o dia a dia de ser negro em país como o Brasil – e é impossível não sentir o coração apertar diante de uma dor tão sem cabimento e, ao mesmo tempo, tão franca quanto a que a filha de Sandri expõe.

“Um pouco da experiência de ser preta e ter filhos pretos que, por mais que falamos, exaltamos a autoestima deles, tem horas que eles simplesmente desabam e isso corta a minha alma. Estou com meus olhos cheios de lágrimas de ver e ouvir o sofrimento da minha filha. Eu tenho que me manter forte para protegê-los de uma sociedade preconceituosa em que uma criança de 5 anos chora por ser preta e sua mãe a ensina a se aceitar. A Júlia não tem culpa, talvez seja o que ouve ou aprende”.

Por fim, Sandri conclui com o pedido mais franco e direto possível, a quem realmente pode interferir na manutenção de tais horrores: os pais. “Por favor, não deixem que seus filhos sejam esse tipo de criança que não respeita a raça e mais tarde não vão respeitar o homossexual, espírita, evangélico, preto e assim por diante“. Responder à Sandri é o mínimo para qualquer futuro melhor que se espere para o Brasil. Pelo vídeo que Sandri depois postou, ao menos a alegria de sua filha parece ter se restaurado, trazendo assim de volta a certeza de que a esperança desse país está diretamente ligada à felicidade de qualquer criança, de qualquer cor ou origem.

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