Uma situação comum, que pode acabar passando despercebida: a criança ir mal na escola por complicações na audição. Desatenção ou notas baixas nem sempre significam que o pequeno não goste de estudar ou de aprender. A perda auditiva está entre os contratempos de saúde que se manifestam de forma silenciosa e podem atrapalhar o aprendizado ou rendimento escolar do indivíduo.
A fonoaudióloga Cristina Batista, especialista em audiologia, destaca que a perda auditiva pode ocorrer em qualquer idade, sendo muito comum em crianças. “Hoje em dia, a maioria dos hospitais fazem a triagem auditiva neonatal, o que melhorou bastante o diagnóstico precoce dos casos. Porém, pode acontecer de a criança desenvolver uma complicação depois do nascimento, o que muitas vezes não é percebido pela família”, aponta.
O bom funcionamento do ouvido é primordial para que a criançada consiga assimilar as informações e o contexto da sala de aula. Por isso, um quadro de comprometimento da audição pode comprometer o desempenho nas tarefas e atrapalhar um aprendizado completo. O aluno que tem alguma perda auditiva costuma, por exemplo, se cansar bastante e chegar em casa exausto, uma vez que tem de fazer muito esforço para compreender o que se é passado.
“No geral, crianças com perda auditiva evidenciam vocabulário pobre e isolamento social, de modo a preferirem brincar mais sozinhas. O mais importante a fazer é ajudá-las no processo de interação, bem como mediar a ação e tentar colocá-las dentro do contexto de sala de aula”, comenta Sueli de Oliveira, coordenadora pedagógica de um Colégio.
Alerta vermelho
Cristina Batista afirma que é importante os pais ou responsáveis prestarem atenção em casos em que a criança, desde de muito nova, comete trocas na fala, pois isso pode significar uma perda leve ou moderada na audição. “Acontece muito de essas trocas serem tidas como natural do desenvolvimento, mesmo elas sendo são persistentes, e a criança tendo um atraso no desenvolvimento da linguagem ou não melhorando. Até que essa pessoa entra na escola, e então começa a ser tida como inquieta, bagunceira, sem comportamento”.
A especialista aponta que, em casos assim, essa falta de atenção ocorre porque a criança não consegue se concentrar, uma vez que não é capaz de ouvir o que o professor está dizendo. “Assim, ela se dispersa e fica sem concentração, e esses sinais de perdas auditivas são confundidos com outros problemas. Às vezes, a escola acha que o aluno tem alguma hiperatividade ou dificuldade de se concentrar”.
A audiologista conta que já recebeu em seu consultório de trabalho situações semelhantes, em que a criança estava sendo examinada com suspeita de autismo, deficiência mental, sendo que era apenas uma perda auditiva, ou seja, uma condição mais simples de tratar. “Em muitos casos, conseguimos colocar um aparelho auditivo e acompanhar o desenvolvimento da saúde audiológica do pequeno”, esclarece.
Como dica para evitar complicações sérias, Cristina afirma que o ideal é que o exame auditivo seja parte da bateria de elementos anual da criança. Antes de se iniciar o ano letivo, a indicação é que os responsáveis levem a garotada para fazer o exame auditivo e visual para se certificar que os canais de recebimento das informações dos pequenos estejam adequados. “Isso faz com que se tenham menos diagnósticos tardios, que dificultam o tratamento. Quanto antes se identificar o problema, melhor o prognóstico e menos esforço auditivo a criança terá de fazer”, finaliza.