Frituras, fast-food, refrigerante e comidas congeladas. Quem resiste a essas guloseimas? Apesar de saborosas, são verdadeiras bombas calóricas, que levam diariamente pessoas do mundo todo a contrair obesidade mórbida, que é uma doença crônica, multifatorial, caracterizada pelo excessivo acúmulo de gordura corporal.
Dados divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde, indicam que dos R$ 488 milhões gastos anualmente pelos cofres públicos, com o tratamento de doenças relacionadas à obesidade, 25% do valor é destinado àqueles que possuem obesidade mórbida.
Em 2011, o Ministério fez a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), revelando que a proporção de obesos subiu de 11,4% para 15,8% entre 2006 e 2011.
O problema se agrava ainda mais porque não atinge apenas adultos e adolescentes, mas também crianças, que têm uma alimentação totalmente inadequada, rica em calorias e com baixo poder nutricional.
Conforme apontam dados da Organização Mundial de Saúde, em 2010, havia 42 milhões de crianças com sobrepeso em todo o mundo, sendo que 35 milhões vivem em países em desenvolvimento.
No Brasil, a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009, do IBGE, apontou que, em 20 anos, a obesidade quadruplicou entre crianças de 5 a 9 anos, chegando a 16,6% entre os meninos e 11,8% entre as meninas.
O estilo de vida moderno, onde o sedentarismo e os maus hábitos alimentares reinam na maioria das casas, são os maiores responsáveis pelo aumento do problema entre o público infantil.
Especialistas afirmam que o crescimento da obesidade nas crianças é por conta das mudanças no padrão alimentar, a ausência ou redução na prática de atividades físicas, além das refeições que são feitas em horários errados e em frente à televisão.
O lanche nas escolas também é um fator que contribui bastante para o problema, pois crianças e adolescentes, que até possuem uma alimentação saudável em casa, não contam com esta mesma preocupação nas escolas.
As cantinas oferecem no cardápio opções como frituras, refrigerantes, batata frita, comida industrializada, impossibilitando aos alunos consumirem um lanche saudável.
Segundo o endocrinologista Gustavo Santos, muitas doenças que antes eram associadas aos adultos, atualmente estão sendo vistas em crianças e a causa é, em geral, o excesso de peso nesta faixa etária.
?As doenças mais comuns são aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos, hipertensão arterial, acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática), dentre outras. O pior é que todas estas podem ter sérias repercussões na vida adulta?, alertou o endocrinologista.
Ainda de acordo com ele, para evitar que a obesidade se agrave, principalmente entre o público infantil, a prevenção é fundamental, quando o excesso de peso for nítido.
?Os pais devem se mobilizar. Normalmente a melhor opção é procurar nutricionistas, endocrinologistas e estimular as crianças a praticarem atividades físicas?, afirmou Gustavo Santos.
Cirurgia de obesidade mórbida ajuda a curar a doença
Além de ter que lidar com o excesso de peso, a obesidade também vem acompanhada de sérios problemas de saúde, desencadeados pelo excesso de gordura, gerando também uma autoestima baixa, levando até a depressão. A cirurgia de obesidade tem sido uma das alternativas mais eficazes, no que diz respeito ao tratamento da doença.
Conforme explica o endocrinologista Gustavo Santos, o procedimento cirúrgico pode ser feito de duas maneiras: a primeira forma é chamada bypass gástrico, que consiste na separação do estômago em duas partes, e somente a parte menor passará a receber o alimento.
"Quando esta cirurgia é realizada, a pessoa passa a comer menos e se sente satisfeita. Por isso emagrece", enfatizou Gustavo. Já na segunda opção, chamada gastrectomia vertical ou sleeve gástrico, é retirado verticalmente uma porção do estômago, deixando-o mais estreito, mas segundo o endocrinologista, o efeito é o mesmo, ou seja, o paciente come menos mas se sacia.
O endocrinologista explica ainda que 90% dos pacientes perdem peso de forma satisfatória e de modo definitivo depois da cirurgia. Em geral, a perda de peso é de cerca de 40%, além do benefício da melhora na saúde, já que o paciente consegue normalizar a pressão arterial, a glicemia nos diabéticos, o colesterol e triglicerídeos, melhorando também as dores articulares e resolvendo a apneia do sono.
Outra vantagem da operação, é que a perda de peso se mantém em 90% dos pacientes, ao contrário dos tratamentos clínicos em que esta taxa fica em volta de 5% a 10%. (G.A.)